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Verão sem inchaço

O calor do verão pode ser um vilão para o sistema circulatório das gestantes. É que as altas temperaturas costumam acentuar um incômodo comum durante a gravidez: o inchaço.

A explicação para o problema é simples: durante a gestação, o volume de sangue e líquidos no corpo da mulher aumenta para suprir as necessidades do desenvolvimento do bebê. Com o tempo quente, os vasos das pernas e dos pés das futuras mamães se dilatam mais, o que contribui para que esse material biológico extravase das veias.

Como o fluxo venoso também costuma ficar mais lento à medida que o útero se desenvolve, o sistema de “drenagem” do organismo não funciona de maneira tão eficiente como deveria.

Os membros inferiores são as regiões do corpo que mais sofrem com o incômodo, chamado pelos médicos de edema. Mas partes do rosto, como o nariz, e as mãos também não estão livres do problema. Na maioria dos casos, o inchaço aumenta progressivamente ao longo do dia e atinge a pior fase no final da tarde ou início da noite.

Apesar de se intensificar durante o verão, o edema pode afetar as grávidas durante toda a gestação, principalmente a partir do quinto mês. Estima-se que 75% das futuras mães apresentem algum tipo de retenção de líquidos.

“Quando o inchaço é discreto, pode passar despercebido, exceto pela constatação de que o calçado fica mais justo. Se for intenso, ao pressionar com o dedo a perna ou pé, a gestante observa que fica uma depressão. Um pequeno inchaço pode ser considerado normal, principalmente no final da gravidez. Até se chama de ‘edema bom’, por caracterizar que faz parte do processo hormonal”, afirma o obstetra Mauro Sancovski, professor regente de obstetrícia da Faculdade de Medicina do ABC.

Alimentação e exercícios

Mas o que pode ser feito para amenizar o inchaço? A primeira recomendação é evitar alimentos ricos em sódio – nutriente que contribui para a retenção de líquidos – e investir em frutas, verduras e legumes com alto poder diurético. Também é importante beber de 2 a 3 litros de água por dia para desintoxicar o corpo e reduzir o edema.

Exercitar-se com regularidade é outra forma de estimular o sistema circulatório. Atividades aquáticas, como a hidroginástica, são as mais recomendadas porque a pressão exercida pela água empurra o líquido retido.

Além disso, o uso de meias elásticas pode ajudar a reduzir os incômodos provocados pelo edema. Elas pressionam as paredes das veias e não permitem que o excesso de líquido vaze. Só que, para funcionar de verdade, é preciso que sejam colocadas no período da manhã e, de preferência, após os membros inferiores terem ficado elevados por, no mínimo, 10 minutos.

No controle

Aliás, colocar os pés para cima é uma alternativa prática e simples para fazer com que o retorno do sangue das pernas para o coração seja mais fácil. Usar roupas leves e largas contribui nesse processo. “A drenagem linfática suave também favorece a eliminação do edema quando associada a essas outras medidas”, afirma o médico.

Grávida de seis meses da primeira filha, a professora Gabriela Engler Marques, de 28 anos, tem histórico de trombose na família e optou por fazer acompanhamento com um médico angiologista.

“Apesar de sempre ter tido problemas com inchaço nos pés devido à profissão, tenho controlado bem isso com o uso de meias compressoras, ingestão de água, controle do peso e prática de hidroginástica. Por incrível que pareça, meu inchaço nas pernas está bem mais controlado do que antes da gravidez”, comemora.

Inchaço pode estar associado a outras doenças

Se vier acompanhado de outros sintomas, o inchaço pode indicar complicações. No caso da pré-eclâmpsia, doença que oferece risco para as mães e para o bebê e é capaz de provocar partos prematuros, o edema é acompanhado do aumento da pressão arterial e da perda de proteínas pela urina.

Na pré-eclâmpsia, o inchaço pode acometer todo o organismo, inclusive mãos e partes do rosto, como as pálpebras. “É importante frisar que o edema ou inchaço não é doença que deva ser tratada, e sim um sintoma de alguma coisa que está ocorrendo. O médico precisa avaliar para saber se é normal ou representa alguma complicação”, alerta Mauro Sancovski.

E o inchaço pós-parto? “Acaba sendo considerado normal devido à distribuição dos líquidos. As mulheres não devem se preocupar e precisam entender que não adianta tomar remédio para diminuir o inchaço. É questão de mais alguns dias, e acordará desinchada”, conclui o especialista.