Vanessa Gerbelli - feliz como mãe e atriz
Aos 33 anos de idade, esta leonina de São Bernardo do Campo tem motivos de sobra para comemorar. E não é apenas na vida profissional. Casada há quatro anos com o diretor da TV Globo, Vinicius Coimbra, a atriz Vanessa Gerbelli espera com ansiedade seu primeiro filho. Como é de costume, a expectativa é grande, mas tudo já está praticamente pronto para a chegada do mais novo integrante da família.
Se levarmos em consideração que a obstinação é uma das características mais marcantes de sua personalidade, é explicável a velocidade com que as oportunidades aparecem na vida da atriz. Vanessa Gerbelli sabe muito bem como aproveitá-las. Aos sete anos, apesar da pouca idade, já havia pisado nos palcos numa peça infantil. Aos 15, depois de fazer parte da banda do irmão como cantora, engatou carreira de atriz em espetáculos musicais em São Paulo, durante dez anos. Paralelamente à carreira artística, Vanessa Gerbelli começou um curso universitário em Publicidade e Propaganda para agradar ao pai, advogado importante, que chegou a ser secretário jurídico da Prefeitura de São Bernardo do Campo. Desistiu do curso e ingressou na Faculdade de Belas Artes, onde se formou Bacharel em pintura.
Mas foi a profissão de atriz que falou mais alto em seu coração, e quando foi convidada para fazer o musical Cazas de Cazuza projetou-se além do circuito teatral, obtendo o seu primeiro papel na TV, a personagem Lindinha, na novela Global O Cravo e a Rosa, em 2000.
A partir daí não parou mais de crescer na profissão. Hoje ela soma no currículo oito novelas em duas emissoras consagradas, TV Globo e TV Record, 12 peças teatrais e quatro filmes. E no que depender desta paulista, que hoje mora no Rio de Janeiro, muitos papéis ainda irão abrilhantar sua carreira. Nesta entrevista à Alô Bebê, a atriz conta um pouco mais sobre sua profissão, a convivência com a família e os amigos e a experiência de ser mãe pela primeira vez.
Alô Bebê - Aos oito meses de gravidez, você espera seu primeiro filho. Como é para você ser mãe aos 33 anos de idade?
Vanessa Gerbelli - Os orientais dizem que uma mulher está madura para ter filhos exatamente aos 33 anos. Coincidência ou não, eu considero este momento da minha vida o mais apropriado para ter um bebê. Hoje em dia, tenho mais calma, mais experiência e discernimento.
Alô Bebê - Faltando apenas um mês para o nascimento do Tito, quais são suas expectativas em relação ao nascimento?
Vanessa Gerbelli - Ah, tantas. Fico torcendo para que ele nasça saudável e que o parto seja tranquilo. Além disso, que eu possa amamentá-lo sem problemas. Todas as preocupações de uma mãe de primeira viagem.
Alô Bebê - Você está casada há mais de quatro anos com Vinicius Coimbra, diretor da TV Globo. Vocês pretendem ter mais filhos futuramente?
Vanessa Gerbelli - Não pensamos nisso ainda. Queremos ver como é que iremos nos sair com o primeiro filho para pensar em ter o segundo.
Alô Bebê - Você teve uma gravidez tranquila durante estes oito meses de gestação? Qual é a maior lição que você pode tirar desta experiência?
Vanessa Gerbelli - Tirando as enxaquecas que me apareceram, tive uma gestação muito tranquila, mesmo estreando uma peça em São Paulo e fazendo um filme que será lançado no ano que vem. Logo que eu soube que estava grávida, a minha cabeça mudou, foi uma atitude instantânea. Coisas que tinham importância começaram a parecer menores. Deixei a ansiedade e as inseguranças de lado, não me perguntem como. Por outro lado, coisas que antes não ocupavam a minha cabeça começaram a ganhar espaço, como o meu bem-estar num sentido mais amplo. Sei que o meu bem estar contribui para o do meu filho, então faço o possível para nos fazer bem. Questões como segurança e proteção surgiram também, aspectos com os quais eu não me preocupava muito. Li num livro uma vez uma frase mais ou menos assim: "Optar por ser mãe é permitir que o seu coração more fora do seu corpo para o resto da vida". Acho que comecei a experimentar um pouco disso.
Alô Bebê - Agora falando da sua vida profissional. Ainda na escola, você pisou no palco pela primeira vez aos sete anos de idade, com a estreia de uma peça infantil. Já pensava em seguir a carreira artística?
Vanessa Gerbelli - Acho que não pensava, só sentia. As coisas foram acontecendo espontaneamente na minha carreira, porque sempre fui apaixonada pelo que fiz. Instintivamente, fui levada para esse caminho, foi inevitável.
Alô Bebê - Antes de se consagrar como atriz na televisão, você chegou a percorrer várias outras áreas. Como foi essa trajetória, que se iniciou com um curso universitário em Publicidade e Propaganda, depois como cantora em bandas de baile até engatar carreira como atriz de espetáculos musicais de São Paulo?
Vanessa Gerbelli - Sempre fiz tudo ao mesmo tempo, o que era um pouco caótico, mas muito enriquecedor. Claro que tive o apoio dos meus pais, o que sempre ajuda muito. Meu curso de publicidade durou só alguns meses (eu acabei enjoando rapidinho). Minha mãe me incentivava a cantar e a atuar, desde que eu fizesse um curso superior (fiz um curso maravilhoso de pintura na escola Belas Artes de São Paulo - interrompido algumas vezes por estreias no teatro - que foi fundamental para a minha formação). Para ganhar um dinheirinho, dava aulas de inglês nos horários vagos e também cantava nos shows que apareciam para a banda. Outra figura importante foi a Noemi Gerbelli, irmã mais nova da minha mãe, atriz dos palcos de São Paulo, que me contagiou com o seu amor pelo teatro. Tive a orientação dela na escolha dos cursos de arte dramática e dos trabalhos que apareciam para o meu amadurecimento como artista. Como eu já tinha experiência como cantora, passar nos testes de musicais era comum. Peguei uma fase boa da volta dos musicais em São Paulo, o que foi muito oportuno para minha carreira. Eu emendava um trabalho no outro com o maior prazer.
Alô Bebê - O famoso espetáculo musical Cazas de Cazuza a projetou para além do circuito musical. Foi a partir dele que você deu o pontapé inicial na televisão com a personagem Lindinha, na novela O Cravo e a Rosa, da TV Globo. Como foi essa experiência para você?
Vanessa Gerbelli - Inesquecível, pelo fato de ter iniciado na TV com o Walter Avancini, um grande mestre. Ele às vezes me dava calafrios (era geniosíssimo), mas me ensinou muito. Até hoje tenho saudades do O Cravo e a Rosa. Fiz amizades e parcerias que trago até hoje, como o Du Moscovis e Ana Lúcia Torre, pessoas com quem trabalhei no teatro por duas vezes depois da novela. Além disso, teve o Dennis Carvalho por trás de tudo. Tenho um enorme carinho por ele, é uma pessoa muito doce. Foi uma novela especial, não só na minha opinião, era um sentimento geral.
Alô Bebê - Depois de atuar em O Cravo e a Rosa você contracenou em mais seis novelas da TV Globo. Mas a novela que a consagrou como atriz foi Mulheres Apaixonadas, com o papel de Fernanda, mãe de Salete, que teve um fim trágico: acabou morta com um tiro numa das principais avenidas do Rio de Janeiro. Para você este foi o papel mais marcante? Por quê? Você acha que foi a partir deste trabalho que sua carreira decolou?
Vanessa Gerbelli - Sem dúvida, a visibilidade que essa novela me deu me impulsionou para outros trabalhos. Além disso, a personagem era uma espécie de heroína, as pessoas se identificavam com ela, era uma bela personagem.
Alô Bebê - Como você lida com a fama e o assédio dos fãs?
Vanessa - No começo, lidei mal com o assédio dos fãs. Sou muito pé no chão, não me sentia bem vendo as pessoas me idealizando e querendo que eu correspondesse às expectativas delas, era perturbador. Não queria que me vissem como celebridade porque fiz um papel de destaque na novela das oito da TV Globo e não queria ser um modelo para ninguém. Hoje tenho mais maturidade para lidar com isso. Os tempos são esses, temos que nos acostumar.
Alô Bebê - Você também atuou no cinema em Carandiru, de Hector Babenco, em 2003, e Os Desafinados, de Walter Lima Jr., em 2006. Como foi essa experiência?
Vanessa - Ainda me considero uma principiante no cinema, pelo menos para o meu gosto. O exercício de filmar é muito importante para o ator de cinema. Até hoje participei de quatro filmes (entre eles o Carandiru - Outras Histórias e A Justiça dos Homens, que terminei no ano passado, já grávida do Tito). E acho ainda muito pouco para me considerar experiente no cinema.
Alô Bebê - Paralelamente à vida de atriz você também pinta nas horas de lazer. Qual técnica você utiliza nas suas obras? Algum dia pretende expor seus trabalhos?
Vanessa Gerbelli - Uso acrílico sobre tela. Tenho alguns trabalhos de que gosto e até poderia expor. Quem sabe, um dia...
Alô Bebê - Como é a sua rotina? Como faz para conciliar a vida profissional com a pessoal?
Vanessa Gerbelli - A vida de atriz não permite uma rotina, temos que nos acostumar com as oportunidades que surgem. O Vinícius também trabalha na área, o que facilita a nossa vida juntos. Tenho que optar sempre por horários flutuantes de academia, médico, de tudo, mas eu até gosto disso.
Alô Bebê - Depois de ter o bebê, gostaria de voltar a contracenar?
Vanessa Gerbelli - Com certeza absoluta.
Alô Bebê - Caso o seu filho queira seguir a carreira de ator, você apoiaria ou preferiria que ele seguisse alguma outra profissão?
Vanessa Gerbelli - Apoiaria, com certeza. Quero que o meu filho aprenda a admirar a nossa profissão, que é tão linda.
Alô Bebê - Para as pessoas que estão começando a carreira, quais dicas você daria?
Vanessa Gerbelli - Acho que a principal dica é "tente ser interessante". Para isso, tente se interessar por tudo que a vida oferece, aumente a sua percepção e leia bons livros!
Alô Bebê - Como você descreveria Vanessa Gerbelli como pessoa e profissional?
Vanessa Gerbelli - Ih, difícil... Eu sou uma mulher, uma atriz. Agora, mãe. Só isso.
Alô Bebê - Atualmente você tem uma banda que formou com seu irmão. Esta é uma criação familiar. Como surgiu?
Vanessa Gerbelli - Há muito tempo, desde que éramos crianças. A distância é que atrapalha o nosso trabalho. Tomara que a gente consiga gravar um disco, ainda nessa vida.