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Doenças na gravidez - conheça quais oferecem mais riscos

Contrair uma doença em qualquer fase da vida requer cuidados especiais com o paciente. Se a doença for identificada na gravidez, os cuidados devem ser redobrados. Embora seja necessário estar atento a qualquer tipo de sintoma que a mulher possa apresentar durante os nove meses de gestação, determinadas doenças na gravidez exigem uma atenção ainda maior.

A rubéola, o sarampo, as hepatites B e C, assim como a pneumonia, a sífilis e a toxoplasmose são algumas doenças na gravidez que merecem mais atenção. "Algumas destas doenças exigem um cuidado redobrado pelo fato de provocarem sequelas sérias e, em alguns casos, irreversíveis para a mãe e principalmente para o feto, podendo até provocar a morte do mesmo", alerta Dr. Marco Aurélio Galletta, médico assistente da Clínica Obstétrica do Hospital das Clínicas da FMUSP - responsável pelo setor de Gravidez na Adolescência.

De acordo com ele, cada uma das doenças relacionadas acima tem um tratamento específico. Os riscos dessas doenças na gravidez para o bebê vão depender de quando a mãe contraiu a infecção. De modo geral, existem alguns procedimentos básicos que ajudam a preveni-las ou tratá-las a tempo se seguidos corretamente.

O primeiro procedimento a seguir é, assim que a mulher souber da gravidez, consultar um médico e fazer o acompanhamento até o 9º mês. O segundo é realizar o pré-natal, que além de prevenir determinadas doenças na gravidez e anomalias, ajuda a diminuir as taxas de mortalidade infantil e materna.

Além disso, algumas medidas médicas e não médicas devem ser realizadas em qualquer pré-natal de forma rotineira, independente do grau de risco materno.

Para Galletta, dentre tais medidas os exames laboratoriais são extremamente importantes para identificar doenças na gravidez, como as sorologias (exames de sangue para diagnosticar doenças infecciosas). Os exames visam a diagnosticar a presença de certas infecções virais, bacterianas ou protozoárias, além de quantificar o tipo de resposta imunológica, como a produção de anticorpos específicos, que é feita no corpo da mulher para controlar essas infecções. "No campo da obstetrícia estes exames assumem uma grande importância, porque revelam se a mãe está com algum tipo de infecção que possa atingir o bebê e comprometer seu desenvolvimento".

Na maioria dos casos, a gestante só irá contrair as infecções que não tenha tido antes da gravidez. "Por isso, indica-se a vacinação para a hepatite B e a rubéola antes mesmo dela engravidar. É indicado também que faça alguns exames de sangue (até então, chamados de exames pré-nupciais), para checar quais enfermidades já foram ou não contraídas, entre elas a sífilis, as hepatites B e C, entre outras", orienta Galletta.

Vale citar também o HIV (vírus da imunodeficiência humana), que merece uma atenção em especial. Se a infecção na mãe não for detectada a tempo, pode ser transmitida para a criança pela placenta. "É bom lembrar e conscientizar as mulheres que hoje em dia já existem tratamentos altamente eficientes para combater a transmissão do vírus para o feto, podendo ser administrados durante a gravidez", complementa Dr. Galletta.

Doenças na gravidez: sintomas, como preveni-las ou tratá-las:

  • Rubéola
    Para prevenir ou detectar a doença, toda mulher antes de engravidar deve fazer o exame e tomar a vacina com no mínimo três meses de antecedência. Embora a doença seja considerada de baixa gravidade, durante a gravidez torna-se de alto risco para o bebê. A infecção é muito grave nos três primeiros meses, quando a possibilidade de acometimento fetal é muito maior, podendo levar à cegueira, malformações cardíacas, surdez, catarata congênita e microcefalia (diminuição da cabeça), entre outras.

Tratamento: durante a gravidez, pouco se tem a fazer, além de constatar a presença ou não de malformação fetal.

  • Sarampo
    A indisposição que antecede a doença tem duração de três a cinco dias e caracteriza-se por febre alta, mal estar, coriza, conjuntivite, tosse, falta de apetite, além de pintas na pele. Geralmente a doença é mais grave no adulto e em especial na grávida. Isso porque costuma ter uma evolução pulmonar crônica.

Tratamento: apenas de suporte, nada de específico.

  • Hepatite B
    Pode ser contraída por meio de relação sexual, transfusão de sangue e uso de agulhas não esterilizadas. A presença do vírus da hepatite B em circulação no corpo da mulher representa risco de 50% de transmissão para a criança.

Tratamento: não há nada de prático que possa ser feito durante o pré-natal, mas o fato do pediatra estar ciente do problema materno melhora a abordagem inicial da criança no berçário, podendo ser providenciado o tratamento precoce do recém-nascido, com ótimos resultados. A criança deverá ser vacinada o quanto antes, podendo receber também a chamada imunoglobulina, para diminuir a chance de passagem do vírus. Com tais procedimentos, a amamentação pode ser liberada.

  • Hepatite C
    A hepatite C costuma evoluir para a hepatite crônica e cirrose, muito mais que a hepatite B, e também pode passar para o recém-nascido.

Tratamento: não há nada de prático que se possa fazer durante a gravidez e não há vacina disponível para a criança no pós-parto. A amamentação é contraindicada, na maioria das vezes.

  • Sífilis
    A sífilis é uma doença sexualmente transmissível e que passa facilmente para o feto, levando a graves consequências, podendo se transformar num quadro de infecção crônica de difícil tratamento. Entre as consequências, aborto, óbito fetal intrauterino e após o nascimento, alteração cutânea (bolhas e vesículas na pele e mucosas, como boca), lesões ósseas e articulares, hepatoesplenomegalia (aumento do fígado e do baço), linfadenomegalia (aumento dos gânglios, surgindo ínguas pelo corpo), surdez e anomalias dentárias.

Tratamento: na mulher adulta, é fácil. Bastam algumas doses de Penicilina (Benzetacil); o problema é o tratamento em crianças, por isso é melhor tratar corretamente a mãe para não precisar tratar a criança, até porque muitas vezes o tratamento não atinge o resultado esperado.

  • Toxoplasmose
    Surge geralmente como uma febre acompanhada por aumento dos nódulos linfáticos (as ínguas). Quando a mulher desenvolve a doença na gravidez poderá transmiti-la para o feto, ocasionando lesões cerebrais como hidrocefalia, calcificações intracranianas e retardo mental, além das lesões oftalmológicas, que vão desde as pequenas alterações até a cegueira completa. Caso a mulher já tenha contraído a doença antes da gravidez, ela não corre o risco de desenvolvê-la novamente. Caso contrário, ela pode vir a tê-la durante a gestação. Uma das formas de evitá-la é mudar os hábitos alimentares e higiênicos, como não comer carne malpassada e ovo cru ou frito, ingerindo somente frutas e verduras bem lavadas. Outra orientação é evitar o contato com cachorros ou gatos. Seguindo corretamente essas orientações médicas, diminui a chance do acometimento fetal.

Tratamento: uma vez sendo diagnosticada a infecção na mãe, há medicações para evitar a passagem do protozoário para a criança. Se esta for infectada, o tratamento não será efetivo.

  • Pneumonia
    É uma das doenças classificadas como mais perigosas para a mãe do que para a criança. O motivo deve-se ao fato de estar relacionada à maior suscetibilidade que a mãe tem de desenvolver uma pneumonia, a partir de uma infecção gripal simples. É mais fácil de pegar, mais difícil de tratar, além de causar mais complicações.

Tratamento: será específico para cada tipo de infecção pulmonar, geralmente com antibióticos. O mais importante é evitar a gripe, para evitar que maiores complicações possam vir a ocorrer futuramente. Por isso, indica-se a vacinação contra a gripe, no inverno, mesmo durante a gravidez.