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Gravidez depois dos 40

A mulher que chega aos 40 anos, e ainda não passou pela experiência de gerar um bebê e exibi-lo para amigos e parentes começa a se preocupar e sentir a cobrança, que muitas vezes não é só pessoal, como também social.

De acordo com a psicoterapeuta Fernanda de Alvarenga Peixoto, o desejo de ser mãe não aparece de repente, só por conta da idade cronológica. "A mulher que sente o desejo de ser mãe aos 40 anos já tinha essa vontade guardada no seu subconsciente e, com a proximidade das limitações biológicas, tem esse desejo despertado.

Muitas vezes, ela opta por desenvolver primeiro uma carreira profissional de sucesso e deixa para pensar na maternidade quando a situação biológica já não pode mais ser adiada, aí a vontade aflora", explica Fernanda.

Além da questão profissional, outros fatores interferem na decisão de engravidar depois dos 40, como a falta do parceiro ideal, o medo da passagem da condição de filha para mãe, as mudanças radicais que acontecem na vida da mulher, o medo de não conseguir acompanhar o crescimento da criança. "Há 10 anos era comum e estava na moda as mulheres optarem pela produção independente. Hoje em dia, isto tem acontecido em um número menor. As mulheres estão mais conscientes da necessidade da figura paterna e, se este pai demora a chegar, a gravidez também tende a ser adiada", diz a psicoterapeuta.

Grávida depois dos 40: Cuidados para não criar um reizinho

Um cuidado que precisa ser tomado, de acordo com Fernanda, pelas mulheres que optaram pela gravidez depois dos 40 é o controle da ansiedade, que pode ser passada inclusive para o filho. "A mulher que espera até o limite do corpo para engravidar tem uma tendência a desenvolver um grau de proteção excessiva com o filho. Tornam-se mães devoradoras, que sufocam.

Inconscientemente, elas agem como se os filhos fossem tesouros que demoraram a serem conquistados. Este tipo de atitude influi na formação de uma criança insegura". A nova mãe precisa estar atenta também para não exercer uma influência muito rígida sobre o pequeno. Segundo a psicoterapeuta, a mãe precisa dosar a educação do filho.

Por ser mais velha e experiente, há uma tendência a seguir uma linha mais sisuda, de educadora severa. Mas, por outro lado, pode acontecer também de a mãe não conseguir impor limites à criança, com medo de contrariá-la. Criam-se, assim, os famosos "reizinhos".

Endometriose na gravidez depois dos 40

Um dos problemas mais frequentes na gravidez depois dos 40 é a endometriose, que de acordo com o Dr. Marco Aurélio Pinho de Oliveira, presidente da Sociedade Brasileira de Endoscopia Ginecológica e Endometriose, atingem cerca de 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva, sendo o fator responsável por 50% dos casos de infertilidade feminina.

A endometriose é a presença do endométrio, tecido que recobre o interior do útero, em outros órgãos, como ovários, trompas, bexiga e reto. "Este tecido é expelido normalmente na menstruação, assim, quanto mais a mulher menstrua, maior a quantidade de resíduos deste tecido em outros órgãos, que vão sendo literalmente grudados ao longo da vida, impedindo ou dificultando a gestação", explica o Dr. Oliveira.

A partir dos 40 anos, a incidência de doenças clínicas, de modo geral, é maior. O Dr. Luiz Paulo C. Mário, ginecologista e obstetra do Hospital Bandeirantes, alerta para casos de hipertensão, diabete, entre outros. A gravidez depois dos 40, em termos ginecológicos , há também uma grande preocupação com o aparecimento de miomas, que costumam surgir em 40% das mulheres acima dos 40 anos, sendo que só 10% apresentam sintomas, como sangramento e aumento excessivo de cólicas.

"A mulher que planeja uma gravidez depois dos 40 deve fazer um rastreamento das condições físicas e de todas as possíveis patologias antes de engravidar. Um mioma que não apresenta sintomas, por exemplo, pode atrapalhar a gestação e até provocar um aborto espontâneo", explica o ginecologista.

Cuidados médicos para uma gravidez depois dos 40 tranquila

A gravidez depois dos 40 anos deve ser bem planejada para que só traga alegrias à família. O Dr. Mário indica o início do uso do ácido fólico seis meses antes de consumada a gravidez, estendendo esta medicação até a 14ª semana de gestação. A função do ácido fólico é prevenir defeitos de fechamento do tubo neural fetal e assim garantir uma boa formação da medula espinhal e do cérebro do bebê.

A crescente chance de crianças com problemas cromossômicos, que pode resultar em doenças como a Síndrome de Down, também é constatada na gravidez depois dos 40.  A realização de um exame chamado Ultrassonografia Obstétrica Morfológica de Primeiro Trimestre com Translucência Nucal pode ajudar a diagnosticar algum problema deste tipo.

Segundo o ginecologista, neste exame é medida a região da nuca do bebê para que se saiba a espessura da pele que, se aumentada acima de 3mm, pode ser sintoma deste tipo de problema. Um pré-natal bem feito e com um menor intervalo entre as consultas é muito importante para garantir tranquilidade, vida ativa e muita saúde para mãe e filho.