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Ser mãe acima de tudo

Histórias reais de mães que superaram todas as dificuldades em prol do relacionamento com os filhos. Com essa ideia em mente, conversamos com as mães e com o "pãe", que vocês conhecerão a seguir. Emocionantes e verdadeiras histórias como essas se repetem a cada dia, em todos os cantos do mundo,  e nos dão a certeza de que a relação entre pais e filhos é superior a tudo.

Marcelo Francisco Silva

 

O técnico administrativo Marcelo Francisco Silva, 28 anos, é um bom exemplo de pãe - homem que assume sozinho as funções de pai e mãe e que tem toda a responsabilidade pela criação dos filhos. Pai de duas crianças, Giovanna Kelly, 8, e Gustavo Henrique, 7, Marcelo cuida da casa, lava, cozinha, acompanha os pequenos na escola e ainda tem vida social ativa. "Acho importante adequar à educação e o convívio com as crianças à minha vida particular", afirma ele.

Tudo começou quando Marcelo e a namorada Claudia ficaram "grávidos", há oito anos. "Éramos muito jovens e inexperientes. Estávamos namorando e aconteceu a Giovanna", explica ele. O casal resolveu morar junto por conta da gravidez. Após um ano, outro bebê a caminho. "Quando soube que ela estava grávida do Gustavo a situação já era complicada, mas gostei de saber que teria um outro filho", diz Marcelo, que ainda morou com a mãe das crianças por mais um tempo. "Depois de quatro anos de relacionamento, resolvemos nos separar."

No primeiro momento, os filhos ficaram sob os cuidados maternos, mas o pai sempre esteve presente, com visitas semanais. "Depois de dois anos, eu sentia muita falta de um convívio mais próximo com os meninos e propus à mãe deles que os deixasse definitivamente comigo", lembra.

Alô Bebê - Como é a sua rotina? O que mudou na sua vida com a chegada das crianças?

Marcelo - Mudei para uma casa maior, próximo da minha mãe, para dar mais conforto aos pequenos. Como, por uma oportunidade profissional, arranjei um emprego à noite, como técnico administrativo em um hospital, tenho um horário mais flexível, o que ajuda na educação dos meus filhos.

Alô Bebê - Você tem um casal de filhos. O tratamento entre meninos e meninas é bem diferenciado. Como é isso na sua casa? Tem algum assunto tabu entre vocês?

Marcelo - Tento ser o mais amigo possível dos dois. É claro que a Giovanna tem assuntos que precisam ser conversados com outra mulher, que ela não vai querer falar para o pai. Nesse caso, a avó é bastante presente e supre essas necessidades. Mas os trato conforme a personalidade e características de cada um. A Giovanna, como é a única menina da casa, é super cuidadosa comigo e com o irmão, fica preocupada com almoço, jantar. Já se sente a dona da casa.

Alô Bebê - Você sempre pensou em ser pai? 

Marcelo - Na verdade, me dei conta da minha nova realidade quando peguei a Giovanna no colo pela primeira vez. Aquele momento foi mágico e aí, então, eu soube que por muito tempo eu teria alguém precisando de mim. Deste dia em diante minhas forças dobraram de tamanho para seguir em frente. 

Alô Bebê - Já houve alguma situação muito complicada na criação dos pequenos?

Marcelo - Complicada, não. Diferente, sim, como em formaturas ou festividades de escola, onde há muitas mães presentes. Mas não é nada que atrapalhe nossa rotina. Somos unidos e já discutimos nossas diferenças para resolvê-las em conjunto. Muitas vezes, me perguntam sobre o porquê da minha atitude de assumir os filhos, perguntam pela mãe deles e qual o motivo de as crianças não estarem com ela.

Alô Bebê - Você acha que uma mãe faz falta na sua estrutura familiar?

Marcelo - A figura materna é insubstituível. Por conta disso, tive muito receio no início e achei que não ia conseguir dar conta do recado. Mas com o passar do tempo, o crescimento e desenvolvimento normal das crianças, o desempenho escolar e a atitude deles para com os outros, fiquei mais tranquilo. Não dá para neutralizar a figura da mãe, mas conseguimos amenizar a falta dela com o companheirismo da avó, que está sempre por perto e de minha namorada, que nos ajuda muito.

Presente de Aniversário: Um filho

 

No dia 25 de agosto de 1998, data em que completou 16 anos, Danielle Honório Rodrigues recebeu a notícia que estava grávida de cinco meses. Hoje, o filho de Danielle, Rafael, está com sete anos e é a razão de viver da mãe. O namoro com Tiago, pai do bebê, terminou de forma amigável sete anos após o nascimento da criança. Agora Danielle, com 23 anos, espera seu segundo filho, fruto da relação com o engenheiro Rodrigo Casquet de Melo, de 27 anos e com o qual pretende se casar ainda em 2006, com direito a festa e vestido de noiva.

Alô Bebê - Por que você só descobriu que estava grávida quando já estava com cinco meses de gestação?

Danielle - Eu não tive nenhum sintoma, nada em mim se alterou, minha menstruação estava normal, não tinha como desconfiar. Além do mais eu tomava os cuidados necessários, a gravidez ocorreu por um acidente. Mas aos cinco meses minha barriga começou a ficar saliente e aí imaginei que podia haver algo anormal.

Alô Bebê - Como você recebeu a notícia?

Danielle - Confesso que minha maior preocupação no momento foi com o que os outros pensariam. O que meu pai diria, o que minha mãe faria. Mas foi tudo tranquilo. Minha mãe, que estava comigo na hora que recebi a notícia do médico, disse que, por intuição, já esperava. Meu pai chorou muito assim que soube, falou que eu tinha estragado minha vida, mas na semana seguinte já estava comprando roupinhas para seu primeiro neto e, por fim, meu irmão, que adorou a ideia de ser tio aos onze anos de idade e se aproximou ainda mais de mim.

Alô Bebê - E quanto ao pai da criança? Quantos anos ele tinha e como reagiu?

Danielle - O Tiago tinha 17 anos e, assim como minha mãe, estava desconfiado da gravidez. Hoje ele fala que adorou a ideia porque assim teve mais chances de continuar o namoro.

Alô Bebê - Vocês tinham condições financeiras e emocionais de ter o bebê?

Danielle - Não, nem eu, nem o Tiago trabalhávamos na época. Graças a Deus pude contar com a ajuda dos meus pais, que já estavam separados, mas juntos me ajudaram. Emocionalmente eu era uma criança, despreparada para encarar tamanha responsabilidade, assim como o pai do bebê, a maturidade veio após o nascimento de Rafael.

Alô Bebê - Se você pudesse voltar atrás agora faria alguma coisa diferente?

Danielle - Pensando pelas coisas que eu fazia, como estudar, por exemplo, que abandonei por dois anos, eu me empenharia mais para não engravidar. Mas, por outro lado, eu sempre gostei de criança e o nascimento do Rafael me fez crescer muito.

Alô Bebê - O que o Rafael representa para você?

Danielle - Ele é tudo para mim, sem ele não sou nada. Tudo que faço penso nele, ele é minha motivação. Hoje eu tenho um motivo a mais para trabalhar, me dedico ao máximo no emprego, para poder oferecer o melhor ao meu filho.

A Mãe de Coração

 

Ilza Fernandes já chegava aos quarenta anos e ao quinto de casamento quando, após alguns abortos espontâneos e o diagnóstico de que não poderia ter filhos biológicos, decidiu que seu instinto materno falaria mais alto. Ela e o marido não pensaram duas vezes: entraram na fila para o processo de adoção legal. Ela engavetou a dissertação de mestrado e os projetos profissionais em nome daquele que seria o seu maior plano. "Eu me sentia preparada para esse momento e adoção nunca foi um bicho de sete cabeças para mim. Já havia histórico de pessoas adotadas na minha família", conta essa professora de química, que disse ter sua vida iluminada quando seu primeiro filho chegou em casa. Primeiro? Sim, porque depois que experimentou a maternidade, Ilza realmente se encontrou e logo encomendou a segunda adoção. Hoje, com 41 anos, é a "mãe de coração" de Lucas, 2 anos, e Catarina, 2 meses.

Alô Bebê - A partir de que momento você decidiu que queria adotar uma criança?

Ilza - Depois dos abortos, eu e meu marido conversamos muito sobre o assunto. Ele simplesmente um dia entrou em um fórum e nos inscreveu no programa. A partir daí foi um processo muito natural. Passamos por diversas avaliações e frequentamos vários grupos de apoio, o que eu julgo ser muito necessário para encontrarem a família certa para a criança. Mas estávamos decididos e preparados para isso.

Alô Bebê - E como aconteceram os trâmites da adoção?

Ilza - Geralmente, as pessoas pensam que esse é um processo muito complexo e burocrático. Mas no meu caso, em dois anos, eu já estava com meus dois filhos pequenos em casa. Às vezes o que demora mais quando se entra numa fila de adoção é a destituição da paternidade verdadeira e a adequação do perfil da criança ao desejado pelos pais adotivos. Pode parecer preconceito, mas essa escolha é extremamente importante para que tanto pais e filhos se sintam confortáveis e que a parte mais importante na história, ou seja, a criança, não venha a ser rejeitada depois. Como nós queríamos apenas que as crianças fossem bebês, nosso processo não demorou tanto.

Alô Bebê - Você sentiu esse medo da rejeição?

Ilza - Sim, claro. Isso é normal. Com o Lucas, que foi o primeiro, foi ainda mais intenso. Ficava com medo de não aceitar e de ele não gostar de mim também. Mas quando ele chegou, foi amor à primeira vista. Com a Catarina foi mais tranquilo, mas ratificou minha concepção de que o amor vai muito além de uma questão sanguínea.

Alô Bebê - Em um país com tantas crianças nas ruas, você se sente especial por ter adotado?

Ilza - Nunca. Não fiz caridade alguma em adotar meus filhos. Na verdade, eles que me trouxeram um presente com suas presenças, que é a felicidade. As pessoas não devem pensar que é complicado demais para não tentarem. A adoção legal é, sim, um processo burocrático, mas não é, de forma alguma, um sacrifício. O retorno está no dia a dia com meus filhos: vê-los crescer, descobrir o mundo, ver como meu marido os trata com amor, as primeiras palavras, as festas em família, tudo adquiriu um novo significado para mim.

Alô Bebê - Você adotaria mais filhos? Eles poderiam ter mais idade?

Ilza - Nesse momento, meus dois filhos pequenos preenchem todo o meu tempo. Mas penso, sim, que quando eles estiverem maiores, com uns 5 ou 7 anos, poderiam ganhar um irmãozinho da mesma idade. Quem sabe? Amor eu tenho de sobra.