Quando, como e o quanto elogiar seu filho
O segredo da maioria das relações é a forma como elas são administradas. A falta ou o excesso de elogios pode ser prejudicial em muitos casos.
Uma questão que certamente gera dúvida é a de elogiar a inteligência ou o esforço de uma criança. Quando elogiamos a inteligência de um filho, não damos margem, por exemplo, a um erro ou a uma nota baixa. Já quando elogiamos o seu esforço, damos estímulo para que ele possa se esforçar outras vezes.
Elogios excessivos acabam sendo vazios e não ajudam no desenvolvimento saudável dos filhos, pois colaboram para deixar a criança muito vaidosa. O elogio excessivo pode, até mesmo, colaborar para que o pequeno não aceite uma correção quando necessário. Ou seja, quando estiver errada, certamente terá dificuldade de ser orientada em suas atitudes.
Quando uma criança é elogiada demais, sente-se muito melhor que os outros e pode, em muitos casos, crescer presunçosa e arrogante. Preferencialmente, elogios devem estar firmados em fatos, em comportamentos ou em atitudes. O elogio do tipo “como você é lindo, meu filho!” ou “que maravilha de menina!” estão firmados nas impressões de um adulto, portanto não colaboram com alguma atitude diferenciada na criança.
Mas, então, que elogios podem ajudar uma criança a ter uma atitude saudável? Por exemplo: “Filho,
que bom que você ajudou seu colega de escola!”, “Parabéns pelo seu esforço nos estudos e pelas notas que tirou!”, “É muito legal você ter dividido seus brinquedos com seu amigo. Dividir é muito importante!”, “Que bom você ter me ajudado, gosto muito quando você faz isso!”. Esses elogios são baseados em coisas reais, em coisas que seu filho realmente fez e não em impressões vazias que não contribuem para que ele possa repetir tais comportamentos positivos.
Fazer uma criança se sentir amada não é dizer a ela, o tempo todo, “eu te amo”, “como você é lindo” ou coisas do tipo. A medida é importante, porém o excesso não faz bem. Quando passar a frequentar outros ambientes como escola, igreja ou academia, nem sempre será elogiada na mesma proporção que os pais o fazem. Isso pode gerar nela grande decepção e frustração, inclusive na fase adulta, quando tiver que lidar com a falta de elogios e recompensas no trabalho, o que pode ser altamente desmotivador e decepcionante para ela.
Procure dar atenção não apenas às qualidades, mas também às atitudes da criança, pois são perceptíveis e envolvem a ação e o empenho dela em algo. Também é importante o cuidado de não
desejar que ela seja o que não fomos. Muitas vezes, o elogio é dado no sentido de que seu filho sempre se supere, sempre seja o melhor, sempre seja mais. Daí, novamente, a importância da ponderação no elogio.
* Elaine Ribeiro é psicóloga clínica e organizacional