Projeto Dança Materna
Dois pra lá, dois pra cá. A Dança Materna está bem longe de ser somente isso. Não basta mexer o corpo, é preciso aproveitar o momento com o bebê, em especial quando ele ainda está no ventre da mãe. A atividade melhora a saúde física e mental. Sem foco no emagrecimento, ela cria uma aliança entre as mamães e as crianças de até 3 anos de idade.
Quem criou o projeto Dança Materna, há cinco anos, foi Tatiana Tardioli, bailarina e professora, depois de sua primeira gestação. Enquanto dançava, Tati se concentrava no bebê e vivia um momento prazeroso e especial, por isso a doula que a acompanhou durante a gravidez sugeriu a criação de um projeto com método próprio para as gestantes. E, quando a filha Nina completou 6 meses de vida, ela iniciou a chamada Dança Materna.
Segundo sua criadora, o projeto não tem como único objetivo fazer as mães dançarem, ele consiste na troca de experiências e autoconhecimento. “A intenção é contribuir para que as mulheres se (re)apropriem de aspectos importantes do feminino, tendo na dança a oportunidade de um contato profundo consigo mesmas e de desenvolver desde a gestação um vínculo sadio com seus bebês, além de se expressar pelo movimento e trocar experiências com outras mulheres que estão atravessando a mesma fase da vida”, explica Tatiana.
Ambiente e trilha sonora relaxante
As aulas acontecem em um ambiente com o chão adequado para que os bebês engatinhem e as mães dancem descalças. Os movimentos realizados, na maioria das vezes com o uso de slings (tecidos usados para carregar a criança), fazem o bebê relembrar quando estava dentro do útero. Daí a sensação de tranquilidade, segurança e paz.
Há dois anos a jornalista Gabriela Toledo, gestante e mãe de Jorge, de 10 meses, frequenta a Dança Materna. “Você esquece as tarefas e obrigações. É um momento de conexão entre mãe e filho, de interatividade com o sling e com o útero, de sentir o corpo do bebê, massageá-lo e de se autoconhecer”, destaca Gabriela.
A musicista Giovanna Puerto Carlin, mãe da Catarina, de 6 meses, divide a mesma opinião.“Danço nas aulas e danço em casa também. Montei uma trilha sonora especial, quando coloco as músicas, minha filha já começa a mexer as perninhas”, conta Giovanna.
Sintonia que começa no ventre
Tudo se inicia durante a gestação. Desde os primeiros meses já é possível começar as aulas de Dança Materna, até para ter mais tranquilidade na hora do parto por conta do autoconhecimento. Tatiana desenvolveu um modo de trabalhar pensando exatamente nesse contato profundo da mulher consigo mesma.
“Criei um repertório corporal próprio a partir de um trabalho que lida com a carga simbólica da gestação e do parto, um rito de passagem para tornar-se mãe. A aula é permeada por espaços de interação e troca entre as gestantes”, explica a professora, que reserva todo final de aula para as alunas conversarem.
Diante do sucesso, Tatiana continua a desenvolver o método. Intensificou seus estudos sobre o corpo da mulher como gestante e no pós-parto. “Passei a estudar detalhadamente a coordenação motora do bebê e o desenvolvimento do corpo da mulher. Iniciei também uma pós-graduação sobre crianças de 0 a 3 anos”, esclarece ela, que convida todas as mães biológicas ou adotivas para vivenciar essa gratificante experiência.
Dança por categorias
Na aula com bebês de colo e engatinhantes existe um tempo reservado para cuidar das mães (automassagem, alongamento etc.), fazer movimentos interativos, massagear as crianças e dançar. Isso exige atenção à escolha de um repertório de movimentos agradáveis tanto para a mãe quanto para o bebê.
Na aula com os nenês andantes há proposições de movimentos e, principalmente, muito espaço para exercitarem a autonomia corporal recém-conquistada junto com suas mães. Não existe uma fronteira entre dançar e brincar, fato que favorece o contato e o vínculo.