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Problemas respiratórios

Basta o clima esfriar, as chuvas deixarem de cair e os escapamentos continuarem a poluir o ar das grandes cidades que os prontos-socorros são visitados por uma quantidade muito maior de crianças doentes.

Pode ser desde um resfriado com congestão nasal e coriza, até sérias dificuldades para respirar seguidas de febre, tosse seca e fadiga. Os sintomas são sempre muito parecidos, mas o diagnóstico pode ser gripe, sinusite, asma, rinite, bronquite, entre outras doenças, capazes de deixar até a criança mais peralta de cama.

Tosse: o início de tudo

Em São Paulo a frota de carros soma mais de 7 milhões de veículos, o que, segundo uma recente pesquisa do geógrafo Samuel Luna de Almeida, tem relação direta com o número de crianças internadas com problemas respiratórios.

No período de análise, entre 2004 e 2006, 80 mil crianças com menos de cinco anos foram internadas com problemas respiratórios, dessas, 20 mil por conta da poluição do ar. O pesquisador comparou a densidade do tráfego na residência das crianças e chegou à conclusão de que a densidade de tráfego havia aumentado 1,3% na taxa de internação por problemas respiratórios dentro de um grupo de 10 mil crianças.

A pediatra e homeopata Dra. Geisa Quental aponta como outra principal causa das doenças a aglomeração de pessoas em lugares fechados, bem diferente do verão, quando as janelas ficam abertas e há maior ventilação. “A friagem é um fator a ser considerado, mas o ambiente fechado permite a proliferação de bactérias, enquanto o uso do ar-condicionado cria um ambiente de calefação perfeito para os ácaros”, explica.

Em geral, os principais atingidos são os idosos e as crianças. Isso porque os pequenos, até os quatro anos, estão organizando o sistema imunológico e, portanto, ficam vulneráveis aos problemas respiratórios.

Pedro, hoje com cinco anos, teve a sua primeira crise respiratória aos três. O sintoma era uma tosse que não o deixava dormir, para o desespero de Lorena Berezutchi, mãe dele e de Catarina, de três anos. “Não conseguia saber o que fazer, ele já tomava remédios fortes e nada resolvia. Eu morria de medo de ele parar de respirar enquanto dormia, cheguei a fazer vigília ao lado da cama”, lembra. A tosse alérgica evoluiu para asma e o diagnóstico deixou Lorena desconsolada. “Eu imaginava que meu filho poderia ser privado de brincar, correr e de ter uma infância saudável”, conta.

Alergia, na verdade, não significa falta de defesa do organismo, mas sim a defesa exagerada contra agentes que não são potencialmente agressivos ao ser humano. Com o tempo mais seco, a poeira, os vírus e as bactérias proliferam rapidamente, o que ocasiona crises respiratórias. Mas o paciente alérgico não nasce com alergia, e sim sensível a determinado fator.

Um bom sinal de alerta para os pais é a tosse. De acordo com a pediatra, quando ela aparece, vale investigar o motivo. “A tosse é uma defesa do organismo. É preciso identificar sua causa, porque ela pode ser apenas a ponta do iceberg”, diz.

Diagnóstico e tratamento adequados

Dos quadros apresentados em um pronto-socorro, cerca de 60% são causados por vírus. Identificada a tosse, é hora de levar o pequeno ao hospital. O especialista pedirá alguns exames e diante do diagnóstico prescreverá o tratamento, que pode ser com remédios, vacinas, higiene do ambiente ou evitar o contato com os alérgenos.

No caso de Pedro, o médico receitou o uso da bombinha duas vezes por dia, durante um ano, para amenizar as crises de asma. Diante de uma expressiva melhora, o medicamento foi trocado por outro que só será usado durante as crises. “Por fim, descobri que fazendo o tratamento correto, e o quanto antes, a asma pode ser controlada, e a criança tem uma vida normal. Acho importante seguir a orientação do pediatra, de preferência um imunologista ou especialista em doenças pulmonares, e sempre respeitar os cuidados necessários para reverter o problema”, aconselha Lorena.

Antes que o problema apareça

Dra. Geisa dá algumas dicas de prevenção, que valem para o ano inteiro, para os pais ajudarem os pequenos a não sofrerem com problemas respiratórios. Confira:

• Lavar o nariz com salina nasal (soro fisiológico) auxilia na melhora da rinite e da sinusite;

• Com o tempo seco a hidratação é fundamental. Durante o dia ofereça uma garrafinha de água para a criança;

• Aumente a ventilação, deixe as janelas, pelo menos por um período, abertas;

• Para evitar o surgimento do ácaro Blomia tropicalis, presente na poeira intradomiciliar, use capas antiácaros nos travesseiros e no colchão. E troque frequentemente a roupa de cama;

• Nada de bichos de pelúcia, tapetes ou cortinas. Se mesmo assim a criança insistir em ter os seus bichinhos de pelúcia por perto, os pais precisam lavá-los com frequência;

• Não use vassoura para varrer a casa, limpe tudo com pano úmido;

• Coloque recipientes de água dentro do quarto para umidificar o ambiente. Um pano umedecido também pode ser a solução;

• Evite aglomerações; se isso não for possível, cuide para que a criança não leve as mãos à boca ou aos olhos em lugares públicos. Lave bem as suas mãos e as dela e, se preferir, use o álcool em gel.

Principais problemas respiratórios

Rinite - Caracterizada por obstrução nasal (entupimento), coriza, espirros — algumas vezes o paciente espirra mais de 20 vezes seguidas — e coceira no nariz, na garganta, nos ouvidos ou nos olhos. Quem sofre do problema apresenta os sintomas minutos após o contato com o alérgeno, e cerca de metade deles sentirá os sintomas de quatro a seis horas depois.

Sinusite - É a inflamação das mucosas dos seios da face, ou seja, da área ao redor do nariz, das maçãs do rosto e dos olhos. Ela pode ser dividida em aguda e crônica. A aguda é seguida de dor de cabeça na área do seio da face, obstrução nasal, febre, cansaço e tosse. Já a crônica apresenta os mesmos sintomas da aguda, mas sem dores e febre, apenas tosse, em geral à noite, que é quando a criança deita e a secreção escorre pela parte posterior das fossas nasais, irritando as vias aéreas.

Bronquite - Tendo a tosse como sintoma principal, a doença caracteriza-se pela inflamação dos brônquios, ou seja, dos canais que conduzem o ar inalado até os alvéolos pulmonares. A bronquite pode ser aguda ou crônica, a diferença está na duração e no agravamento das crises. Na aguda elas são mais curtas, cerca de duas semanas, enquanto na crônica praticamente não desaparecem, pioram pela manhã e duram por mais de três meses. Vale lembrar que a crônica aumenta o risco de outras infecções respiratórias, como a pneumonia.

Asma - Na maioria dos casos é diagnosticada na infância. Os principais sintomas são: falta de ar, tosse seca, chiado e pressão no peito. Asma é o estreitamento dos bronquíolos (pequenos canais de ar dos pulmões) que dificulta a passagem do ar, provocando contrações ou broncoespasmos. Para quem sofre de asma, expirar é mais difícil do que inspirar, uma vez que o ar viciado permanece nos pulmões, provocando a sensação de sufoco. Gripes e resfriados costumam agravar o quadro.