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Primeiros meses de vida do bebê


Consulte este manual para saber mais sobre sintomas e doenças que seu bebê pode apresentar nos primeiros meses de vida, o que eles significam e como agir quando se deparar com algum deles.

Você vai encontrar também dados sobre a alimentação, vacinação, crescimento e desenvolvimento normais do seu bebê, para acompanhar de perto seus progressos. Em caso de qualquer dúvida, sempre consulte seu pediatra para maiores informações e nunca use nenhum medicamento sem a autorização dele.

Amamentação
O leite materno é o melhor alimento para seu bebê desde o nascimento. Ele supre todas as necessidades nutritivas da criança durante os primeiros seis meses de vida. Está na temperatura adequada, é de fácil digestão, não provoca alergia, protege contra doenças e pode ser transportado para qualquer lugar. O leite do peito deve ser o único alimento dado ao bebê até os seis meses de idade.

A partir dessa idade, então, é que se pode começar a dar água, suco ou papa de frutas substituindo as mamadas. Caso o leite materno não esteja disponível e seja necessário dar o leite de vaca, a mamadeira deve ser preparada da seguinte maneira: 150mL de leite para 60mL de água fervida (fazendo com que o leite fique mais diluído e mais digerível para o bebê), junto com uma colher de sopa de açúcar e uma colher de sobremesa de farinha.

Audição do bebê
Aos três meses, o bebê é capaz de ficar tranquilo só de ouvir a voz dos pais, ouve barulhos repentinos e responde a eles com choro, movimentos ou parada da respiração. Dos quatro aos seis meses, o bebê vira a cabeça para onde veio o som, responde às vozes dos pais e gosta de brinquedos que fazem barulho. Dos seis aos 10 meses, já é capaz de responder ao chamado do seu nome e ouve o barulho do telefone.

Bronquiolite
Doença respiratória aguda que ocorre em crianças menores de dois anos caracterizada por um breve período de secreção nasal e tosse seguido por febre baixa, chiados no peito, palpitações e desconforto para respirar. Ocorre mais frequentemente no outono e inverno e em São Paulo, particularmente nos meses de abril e maio. É causada por um vírus e geralmente é benigna e leve. Pode haver também otite associada (infecção de ouvido).

O tratamento não é feito com medicamentos e sim com cuidados como lavagem nasal com soro fisiológico para desobstruir as vias aéreas, evitar exposição ao cigarro, hidratação oral. Quando o bebê é prematuro, com menos de três meses de idade ou está fazendo muito esforço para respirar (às vezes ficando até roxinho), pode ser necessário internar para um tratamento mais adequado.

Crescimento
O recém-nascido tem em torno de 50cm de tamanho. No primeiro ano, ele cresce cerca de 25cm, 15cm nos primeiros seis meses e depois mais 10cm nos outros seis meses.O ganho de peso é acompanhado por meio de uma curva especialmente desenvolvida para meninos e meninas individualmente, que todo pediatra tem e que indica se o bebê está no peso adequado ou não. Por uma única medida de peso não é possível dizer se o bebê está bem; para isso é necessário um acompanhamento, com medição de peso a cada consulta.

A circunferência cefálica é outro parâmetro de crescimento em bebês até dois anos. Os recém-nascidos nascem com 35cm de circunferência cefálica, em média. Com três meses, atinge 40cm e cresce cerca de 1cm a cada 2 meses.

Desenvolvimento
As células do cérebro estão todas presentes após o nascimento, mas é durante os primeiros anos de vida que o cérebro se desenvolve completamente, através da formação das conexões entre as células, que dão a capacidade de pensamento, inteligência e coordenação motora à crianças. Infecções e traumas atrapalham esse desenvolvimento, podendo causar sérios problemas. A criança no primeiro mês de vida assume uma posição normal de semiflexão dos braços e pés, indicando que o tônus muscular está normal.

A partir do segundo mês, a criança já balbucia alguns sons. Aos três meses, o bebê já sustenta a cabeça e consegue ficar sentado com o apoio do colo da mãe e também dá sorrisos. Aos quatro meses, o bebê estende braços e pernas, abrindo e fechando as mãos espontaneamente várias vezes e brincando com elas.

Consegue também fixar o olhar em algum objeto e segui-lo com os olhos, segurar um objeto pegando-o ou soltando-o. Entre seis e 12 meses, a criança aprende a distinguir uma pessoa familiar de um estranho. Dos seis aos 10 meses a criança pronuncia sílabas repetidas sem significado, e só a partir dos nove meses pode dizer por exemplo "mama" ou "papa" referindo-se a mamãe e papai.

No final do 9º mês de vida, a criança senta sozinha e engatinha. Aos 15 meses pode subir degraus com apoio e no final do segundo ano de vida está andando livremente. Entre 18 meses e três anos consegue segurar urina e fezes e aprender a ir ao banheiro.

Os dados acima servem para que mãe acompanhe adequadamente o desenvolvimento do seu filho. Alguma demora para que a criança adquira alguma habilidade não indica um atraso de desenvolvimento porque o desenvolvimento é individual e diferente para cada criança. Mas um atraso grande pode ajudar a mãe a levar seu filho ao médico para que se realize o diagnóstico precoce de algum problema tratável.

Dentes
Os dentes de leite são 20 no total e nascem entre seis meses e 2 anos de idade. Os dentes permanentes começam sua erupção aos seis meses e terminam em 14 ou 15 anos. O aparecimento de dentição pode ser doloroso para muitos bebês. A criança fica agitada, irritada, tem dificuldade para se alimentar, saliva bastante e leva muitos objetos à boca. Algumas crianças podem até ter febre ou diarreia.

Diarreia
A diarreia aguda é uma das principais causas de mortalidade em crianças menores de 5 anos de idade e especialmente naquelas com menos de um ano, nos países em desenvolvimento como o Brasil. É caracterizada como um aumento do número de evacuações, com ou sem diminuição da consistência das fezes que se tornam líquidas ou semilíquidas devido ao maior conteúdo de água e sais.

Os agentes que causam a diarreia podem ser vírus, bactérias ou protozoários. A diarreia aguda deve durar em média 10 dias, e nesse período a criança deve ser hidratada com maior oferta de líquidos (chás, água, sucos de frutas, água de arroz) e manter a alimentação. A higiene como a lavagem das mãos na hora do preparo dos alimentos para a criança, a qualidade de água usada e a higiene domiciliar são importantes métodos de prevenção da diarreia.

O leite de peito não deve jamais ser suspenso, pois é facilmente digerido e possui substâncias que dão imunidade ao bebê, tornando-o alimento ideal nos períodos de diarreia. Em relação aos alimentos, recomendam-se aqueles que são de fácil digestão. Medicamentos como antiespasmódicos, por exemplo, não ajudam e podem até complicar a doença, devem ser evitados. Os antibióticos são sempre introduzidos pelo pediatra que pode escolher o mais apropriado de acordo com o agente que está causando a diarreia. Antibióticos errados podem ajudar a doença a ficar ainda pior.

Para evitar a desidratação, pode haver necessidade de dar à criança pacotes de Solução de Reidratação Oral, distribuídos em postos de saúde, e o modo de preparo deve ser seguido de acordo como está escrito no pacote obedecendo a idade da criança. Toda vez que a criança evacuar, as mães devem ser instruídas a dar uma colher de sobremesa da solução.

Dor de Ouvido
A otite média aguda é a doença mais comum em bebês e crianças. Há presença de fluído ou secreção na orelha associada com sinais gerais como febre, mal-estar, irritabilidade, dificuldade para dormir, dor no ouvido ou ouvido entupido.

Ocorrem com mais frequência entre seis e oito meses, geralmente após um episódio de resfriado. A amamentação por menos de três meses ajuda que a criança desenvolva uma otite. A amamentação errada, seja no peito ou na mamadeira, com a criança deitada ou pouco inclinada, pode favorecer as otites porque ajuda que o leite reflua para dentro do ouvido, que se comunica com a boca através de um orifício. O tratamento deve ser feito por um pediatra ou otorrinolaringologista. Compressas quentes ajudam a melhorar a dor.

Febre
A febre pode ser indício de doença grave ou pode ser simplesmente uma manifestação da criança a doenças leves como resfriados e dor de ouvido, e após aplicação de vacinas. Além disso, a temperatura das crianças está sempre mudando, subindo ou descendo um pouquinho, dependendo da temperatura do ambiente e das atividades que realiza. Desde que a criança esteja bem, não há com o que se preocupar.

Entretanto, febre em bebês com menos de um mês deve ser sempre motivo para se consultar um pediatra porque nessa faixa etária os bebês não apresentam muitos sintomas e as infecções podem ser bem graves porque seu sistema imune está pouco desenvolvido. Outros sinais de alerta que podem estar presentes são a inapetência (quando o bebê não aceita o leite materno), vômitos e hipoatividade (criança "caidinha" e quietinha).

Fontanelas
As fontanelas são as chamadas "moleiras", os espaços mais amolecidos da cabeça do bebê. Esses espaços correspondem às divisões entre os ossos do crânio e se fecham entre dois meses a um ano de idade. Elas existem para facilitar a passagem do bebê pela vagina na hora do parto normal, porque permitem que o tamanho da cabeça do feto diminua bastante e se molde ao pequeno espaço que tem que atravessar. O dito popular de que se deve tomar cuidado em não apertar as regiões das moleiras é verdadeiro. Nesses locais o cérebro não está protegido por osso e é mais frágil.

Nariz
Os bebês só respiram pelo nariz e por isso que obstruções nasais são tão preocupantes. O bebê normal tem respirações mais profundas de vez em quando. Períodos curtos em que o bebê fica sem respirar são comuns e não devem preocupar, a não ser que a criança chegue a ficar roxinha. Espirros são frequentes e servem para o bebê limpar o nariz. Mas a tosse nos bebês não é comum e deve ser sempre examinada pelo pediatra.

Pele
A pele do bebê é mais macia que a do adulto devido a falta de pelos e por ter sido ainda pouco exposta ao meio ambiente. Uma descamação até pouco tempo depois no nascimento é normal, variando de bebê para bebê, podendo ser pequena ou grande. Os ombros e costas do recém-nascido são cobertos por pelos claros e bem finos que caem 10 a 14 dias após o nascimento. Após 2 ou 3 meses de idade, os pelos que nascem têm a cor e textura definitiva da criança.

Chamamos de icterícia a cor amarelada da pele e olhos, que metade de todos os bebês apresentam após o nascimento. Esse processo é normal e a intensidade do amarelo pode variar muito. Enquanto está no útero, o bebê têm muitas células vermelhas no sangue, para carregar uma quantidade maior de oxigênio que vêm do sangue da mãe.

Quando ele nasce, já não precisa de tantas células vermelhas porque pode respirar sozinho. Por isso, o organismo destrói as células a mais e a substância que sai de dentro da célula, a bilirrubina, acumula e dá a cor amarelada da pele. A icterícia começa nos primeiros dias de vida e dura de oito a dez dias. Se for muito intensa ou durar mais que esse período, pode sugerir algum problema no fígado e deve ser investigada.

Vacinação
A vacinação é obrigatória para todas as crianças em nosso país. Através da vacina, a criança fica protegida contra várias doenças transmissíveis, que podem gerar sequelas importantes e podem até matar. Vacinando seu filho, você está também contribuindo para diminuir a mortalidade infantil e para a erradicação de algumas doenças em nosso país. Siga o calendário de vacinação para procurar o posto de saúde na hora correta de cada vacina.

Visão
O desenvolvimento da visão se dá junto com o desenvolvimento do cérebro e demora um longo tempo. Quando nasce, o bebê só enxerga de muito pertinho e as imagens são todas borradas. Aos 2 e 3 meses de idade, o bebê começa a piscar voluntariamente porque consegue controlar os músculos das pálpebras. Aos 4 meses, começa a fixar os objetos com os olhos.

Somente aos 8 meses é que começará a diferenciar cores, e a primeira a ser identificada é o vermelho. Observe como seu bebê nessa idade se interessa muito mais por objetos que tenham a cor vermelha! Com um ano de idade, a criança já enxerga todas as cores e se interessa bastante por objetos bem coloridos e luminosos.

Dra. Rosana Seleri Fontes
Ginecologia e Obstetrícia - Acupuntura