Pontos positivos e negativos da prática BLW de nutrição
Quando o bebê está prestes a completar seis meses de vida, as mamães começam a ficar preocupadas sobre o desmame do pequeno e a introdução alimentar. Essa fase pode mesmo ser complicada, pois o bebê, que só está acostumado ao leite materno ou a fórmulas, começa a experimentar novos sabores e texturas e pode estranhar tanto a ponto de prejudicar seu desenvolvimento.
A sucessão do aleitamento costuma seguir uma ordem conhecida desde os tempos da vovó: chás, sucos, papinhas, frutas amassadas, sopas e assim por diante, até que a criança seja capaz de participar da rotina alimentar da família, o que acontece por volta dos dois ou três anos. No entanto, existe uma forma mais instintiva e consequentemente natural de incentivar a boa alimentação do seu filho, conhecida no mundo todo como prática BLW.
O baby-led weaning (BLW) significa, literalmente, “desmame guiado pelo bebê”. Isso quer dizer que é justamente a criança que determina o que quer comer, no momento que desejar e na quantidade que achar necessária. Para que a prática seja bem sucedida, a criança deve se sentar à mesa com a família na hora da refeição e ter à disposição pratos semelhantes aos que os irmãos mais velhos e os pais estão comendo, mas em tamanho reduzido para que o pequeno não engasgue. É ele quem deve pegar os alimentos com as próprias mãos para serem levados até a boca, mastigados e engolidos.
O BLW deve ser iniciado com comidas fáceis para a criança ingerir e com sabores suaves, e, conforme vai crescendo, novas opções podem ser apresentadas. Dessa forma, para as primeiras experiências, os papais podem deixar próximo do filhote legumes como cenoura e batata cozidas, pequenos bolinhos de arroz, frutas como a banana e a maçã, ovo cozido e carnes bem molinhas, pois é necessário oferecer opções saudáveis de todos os grupos alimentares. Entretanto, é preciso ter atenção aos alimentos que possuem caroços, como a azeitona, aos que são duros demais, como castanhas, e aos industrializados, que devem ser evitados a todo custo.
É bom para o meu filho?
A introdução alimentar sem papinha permite uma verdadeira experiência sensorial e nutritiva ao seu pequeno, proporcionando autonomia desde cedo. De acordo com especialistas em nutrição infantil, aos seis meses de idade as crianças já estão prontas para se alimentar de sólidos, pois elas começam a desenvolver os primeiros dentinhos, aprendem a se sentar eretas, levam as mãos à boca e demonstram interesse no mundo ao redor. O BLW também é capaz de desenvolver as habilidades motoras dos pequenos, que podem ter o controle do processo com as mãos, com os movimentos do corpo e também com a mastigação.
Além disso, a ingestão de comidas sólidas pelo bebê acompanha as necessidades orgânicas da criança, já que se acredita que elas sejam capazes de saber instintivamente os nutrientes que estão precisando, assim como acontece quando ela chora para mamar quando ainda é muito nova.
Outro benefício da prática, principalmente para os pais, é descobrir exatamente quais são os alimentos que a criança prefere, o que causa um risco de rejeição muito menor, já que algumas delas se sentem incomodadas com a mistura de sabores encontrada na papinha. Conforme forem identificando um alimento menos favorito, os papais podem inovar na forma de servi-lo para a criança, ampliando o paladar infantil para aceitar comidas não só gostosas, mas também saudáveis.
Por que eu não deveria fazer?
Uma das principais preocupações dos pais quanto à introdução do método BLW é o risco de engasgo. Assim como a amamentação ou a papinha, o bebê pode sim engasgar, e é por isso que os papais devem ficar de olho. No entanto, é muito mais comum que ocorra um reflexo, típico de quem ainda está se habituando às comidinhas. Nesse caso, a passagem de ar não chega a ficar obstruída e a própria criança consegue realizar os movimentos para levar o alimento ao sistema digestivo de forma segura.
Outro empecilho para a família que não tem muito tempo é a morosidade do processo e a sujeira que pode haver: o pequeno pode ficar mais interessado pelo prato ou pelos objetos sobre a mesa do que na comida, pode atirar os alimentos no chão, pode fazer bagunça no cadeirão e pode, ainda, esfregar as mãozinhas sujas na roupa recém-colocada. Alguns desses problemas podem ser evitados forrando o local com um papel descartável, mas, mesmo que o pequeno esteja demorando a finalizar a refeição, os pais não podem forçá-lo a comer segurando a comida em sua boca.
Em termos de saúde, não é possível determinar a quantidade exata de comida que o seu filho está provando, principalmente quando os dentinhos nascem e ele se torna mais sensível, o que pode gerar complicações devido a uma possível falta de nutrientes essenciais. Para evitar a deficiência, todo o tipo de alimento deve ser oferecido, contendo: ferro (carne bovina, frango, peixes, brócolis, gema de ovo), vitamina C (laranja, manga, sucos), cálcio (feijão, grão de bico, leite de vaca em horários distantes do almoço e jantar para não atrapalhar a absorção do ferro) e vitamina A (cenoura e mamão).
Se a fase de introdução alimentar tem sido um desafio para as mamães, seja com o método BLW ou com a tradicional papinha, é possível aliar os dois tipos de ingestão. Assim, além de dar a comida pronta na boca da criança, seu filho também poderá explorar os alimentos, uma atitude positiva para a boa nutrição e o bom desenvolvimento do pequeno.