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Obesidade infantil: um problema de toda a família

A mania de dizer que criança saudável é criança gordinha vem de muito tempo e nos remete aos almoços nas casas das avós, que não acabavam enquanto o prato, sempre farto, não era visto vazio. Hoje em dia, com crescentes pesquisas no setor e casos cada vez mais frequentes de obesidade infantil, sabe-se que a realidade não é bem assim. "Gordura não é sinônimo de saúde", afirma a endocrinologista Ana Luiza Lucena. Até os seis meses, a criança deve ser alimentada só com leite materno.

Os complementos utilizados para incrementar as mamadas de leite comum precisam de avaliação cautelosa. "Muitas mães usam farinhas, chocolate em pó e açúcar para adicionar ao leite. As farinhas devem ser controladas, já o chocolate e o açúcar podem ser evitados".

No período de seis meses a dois anos, a criança ainda pode fazer uso do leite materno, mas outro tipo de alimentação, como frutas, legumes e papinhas já precisam ser oferecidas. A partir dos dois anos, o leite materno deve ser tirado da alimentação infantil e substituído por uma dieta balanceada e variada. A Dra. Ana explica que as crianças de apenas um ano podem desenvolver uma obesidade infantil em consequência de um hábito alimentar errado.

A família é uma das principais ferramentas para o incentivo à alimentação correta e para evitar a obesidade infantil. Se a criança vive em um ambiente onde os pais e irmãos mais velhos comem de forma descontrolada, a tendência será o filho fazer parte dessa rotina. "Muitas vezes, a mãe acha que o certo é preparar um prato cheio de arroz e feijão para o filho e acredita que esses alimentos são suficientes para nutri-lo. A alimentação infantil deve ser variada. O importante é a qualidade e não quantidade", diz a médica.

Guloseimas não precisam ser proibidas

 

 

Para que a criança se alimente de maneira adequada e não desenvolva a obesidade infantil, não é necessário que existam proibições. Pode se comer de tudo, desde que sejam respeitados os limites. "As guloseimas como salgadinhos, bolachas e doces não precisam ser completamente abolidas, mas precisam de regras.

Para evitar a obesidade infantil, a criança pode comer um chocolate como sobremesa, mas, no dia seguinte, deve comer uma gelatina ou uma fruta. É preciso conversar com ela e chegar a um "acordo", explica a endocrinologista.

Estimular atividades físicas também é fundamental para evitar a obesidade infantil, desde que obedeça ao gosto do pequeno. "Crianças que já estão acima do peso, geralmente não ficam à vontade em exercícios como futebol ou corrida, por não acompanhar o ritmo dos outros. Deve-se descobrir qual a atividade que a agrade e incentivá-la", afirma Patrícia Helena de Azevedo, psicóloga do Espaço Leve - Núcleo de Prevenção e Tratamento da Obesidade Infanto-juvenil, onde tanto os filhos como os pais têm à disposição orientação e tratamento adequado ao problema.

A evolução tecnológica e o crescente aumento da violência, que limitam as crianças às brincadeiras ligadas ao computador e videogame, é mais uma fator contribuinte para a questão da obesidade infantil.

"Hoje, vemos cada vez com mais frequência casos de família que não possuem histórico de obesidade, mas que têm uma criança, cada vez mais nova, gordinha", alerta a psicóloga. A alimentação feita de forma rápida, em frente à televisão, também contribui para que a criança coma mais que o necessário e de maneira pouco prazerosa, sem degustar os alimentos e acaba por ocasionar a obesidade infantil.

Quantidade não é o mais importante

Quando o bebê só se alimenta do leite materno, a mãe não sabe a quantidade de leite ingerida e por isso confia quando o pequeno se mostra satisfeito. Quando a alimentação se torna sólida, a mãe tende a querer adivinhar a quantidade de comida suficiente para o filho, o que geralmente é uma quantia maior do que a necessária.

"A mãe tem uma predisposição a acreditar que a criança tem que comer o prato cheio", diz Patrícia, que explica ainda, que até os três anos há uma rejeição da quantidade de comida que excede o limite, após essa idade e com a insistência materna, a criança acaba aceitando o comida oferecida. "Os pais precisam respeitar o limite do filho e confiar quando eles se dizem satisfeitos. Muitas vezes, o excesso de comida é aceito, para que se tenha direito à sobremesa, por exemplo".

Com relação ao famoso "disso eu não gosto", a psicóloga afirma que um alimento de ser oferecido no mínimo oito vezes, para que se comprove que a criança realmente não gosta de determinada comida. "Se a criança prova um alimento por algumas vezes dentro desta oferta, e realmente, não consegue ingeri-lo, é sinal que o outro tipo de comida deve ser testado".

O estado emocional da criança obesa tende a ser frágil. Os apelidos são comuns, principalmente na idade escolar, e há uma predisposição ao isolamento. "O pequeno obeso ou é o mais tímido da turma ou é o mais engraçado, pois ele quer tirar o foco de atenção de seu físico e se relacionar com os demais", afirma a psicóloga. É importante que não só a reeducação alimentar envolva toda a família, como também o acompanhamento psicológico, para que o gordinho de hoje, possa ser, amanhã, um adulto esbelto e feliz.

DICA DE LIVRO
Obesidade Infantil - Um Guia Prático
Dr. Nataniel Viuniski