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Não basta ser pai, tem que se divertir!

Não é só durante as férias que os pais precisam se preocupar em organizar a agenda e ficar mais próximos de seus filhotes. O tempo passa rápido demais, e curtir a infância do pequeno pode ser o aspecto mais gratificante da paternidade.

Mesmo com tantos compromissos, aquela figura do pai que vive só para trabalhar já está em desuso, e hoje é cada vez mais comum o homem participar ativamente da vida do filho. Para a presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), Quézia Bombonatto, o “pai intocável” reflete uma antiga opinião machista, de que a única e exclusiva função dos homens era trabalhar e nada mais.

“Na verdade, a própria mulher foi responsável pelo início dessa cultura, quando falava para os filhos não incomodarem o pai porque ele estava cansado por ter trabalhado o dia inteiro”, aponta Quézia. Dessa forma, a criança foi sendo privada dessa proximidade. Hoje, essa geração de pais ausentes tenta reverter o cenário que viveu dentro de suas casas. A maioria deles participa da educação, brinca com os pequenos e os leva para passear, na intenção de serem vistos como grandes companheiros dos filhos.

Por uma relação mais afetiva

Ajustar os horários, impor limites e se dedicar exclusivamente ao filho na hora das brincadeiras são compromissos que devem ser levados a sério pelos pais. Afinal, para o pequeno, esse momento o ajudará a conhecer e estreitar a relação com seu genitor.

Na opinião da psicopedagoga, a relação de proximidade deve começar desde a gestação. “Conversar com o bebê e acariciar a barriga já são atitudes de aproximação”, explica. Estar presente no momento do banho, ajudar na alimentação e ir às consultas médicas também estão entre as formas de estreitar os laços.

Rafael Silva, de dez anos, sabe bem o que é ter um pai presente. Separado, o designer Sandro Silva mora com o filho. À noite ou nos finais de semana, a dupla anda de bicicleta, joga videogame e brinca de tantas outras coisas que o próprio Rafael pede para o pai participar. ”Eu sempre entro na onda. É um prazer poder brincar com ele, até porque todo homem é uma eterna criança”, conta.

Mas e quando, em vez de um menino, o pai precisa estreitar relação com sua filha? De acordo com o jornalista Renato Muller, isso não é problema! Pai dos gêmeos Gregory e Tiffany Muller, de nove anos, ele dá um jeitinho de conciliar os gostos. Ora brinca de boneca, ora de carrinho. “Decidimos as brincadeiras juntos. Como somos três, às vezes cada um quer fazer uma coisa, aí é preciso entrar em consenso”, diz Renato, também divorciado e que por isso tenta aproveitar ao máximo os finais de semana ao lado dos gêmeos. “Vejo esses dois dias como um tempo precioso por não conviver com eles diariamente, por isso organizei o meu fluxo de trabalho e deixei todos os finais de semana livres”, ressalta. Não basta apenas passar o tempo, mas aproveitá-lo com qualidade.

Uma nova geração de pais

A figura paterna é muito importante para a educação das crianças e, quando ela não está presente, quem mais sofre são os próprios pequenos. Eles precisam tanto de educação e de valores quanto deixar aflorar o lado lúdico, e para isso a ferramenta ideal é a brincadeira.

A psicopedagoga destaca que brincar é a oportunidade dos pais criarem uma geração mais integrada e participativa. “Tudo o que a criança vê ela imita e repete no futuro. Um filho que recebe carinho do pai será uma pessoa melhor e um marido melhor”, exemplifica. Vale lembrar que durante o ato de brincar o pai não deve se igualar a um amiguinho do filho, ele precisa impor limites.

Sandro sente isso constantemente com Rafael. “Mesmo depois de horas e horas brincando, percebo que ele sempre me vê como pai. E eu resgato lembranças da minha infância, é uma mistura boa de sentimentos”, diz o designer, que nota o filho mais feliz e tranquilo enquanto se divertem.

Dia a dia divertido

Uns preferem o parque, outros a rua, e tem ainda os que gostam de brincar em casa mesmo.

Para conhecer as preferências do filho, só testando. É importante levá-lo a passeios culturais, esportivos, tranquilos e agitados, só assim será possível identificar qual é compatível com sua personalidade.

Tiffany e Gregory gostam mesmo de ir à livraria. Renato já os levou ao Museu da Língua Portuguesa e ao Museu do Futebol. O sucesso do primeiro foi tão grande que quem pediu para ir embora foi o próprio pai. “Também fomos ao kart indoor, e eles adoraram! Sempre me pedem para ir de novo”, comemora.

Além de divertir, os passeios podem ter influência direta na vida da criança, ajudando-a até a escolher uma profissão. Desde que foi ao zoológico, Rafael diz ao pai que será biólogo. Sandro se recorda de outro passeio memorável: “Foi um passeio de maria-fumaça, com um guia turístico que contava a importância das ferrovias dentro da história do Brasil”. Que tal embarcar nessa aventura?