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Inseminação artificial: veja porque a Beyoncé aderiu a esse procedimento

Inseminação artificial

A cantora e diva pop Beyoncé declarou, em fevereiro, “eu tenho três corações” ao comunicar para seus fãs que está grávida novamente, dessa vez de gêmeos. Desde a notícia, especula-se que a mamãe da pequena Blue Ivy tenha usado uma técnica de reprodução assistida, chamada de inseminação artificial, principalmente por ser uma gestação de mais de um bebê.

A possível atitude da nova mamãe está sendo muito procurada por casais que têm dificuldade para engravidar e também por casais do mesmo sexo. O sexo feminino responde por 40% dos casos de infertilidade, como distúrbios de ovulação ou muco espesso, e os homens, por outros 40%, devido a alterações no sêmen. Outros 20% dos parceiros compartilham algum tipo de problema que dificulta a concepção. São casais que veem no procedimento uma oportunidade de formar uma família e realizar um sonho antes de partir para a adoção, por exemplo.

A técnica, que consiste em consultas, recolhimento e tratamento de esperma e inserção no útero, tem dois empecilhos. O primeiro é o alto custo, pois, embora seja a opção de reprodução assistida mais barata que existe, não sai por menos de R$ 3 mil. A legislação para realizar o processo é dura no Brasil, e limita algumas possibilidades que poderiam garantir a gestação, e, embora seja direito da mulher ter acesso gratuito ao tratamento, poucos locais realizam o processo.

Saiba mais sobre a inseminação artificial

Para ter mais chances de sucesso, a inseminação artificial ou intrauterina só pode ser realizada se a mulher não tiver anomalias nas tubas uterinas, o que pode ser checado com um exame prévio. Já o homem deve ter sêmen com pelo menos 5 milhões de espermatozoides por mililitro, teste que também é feito antes de iniciar o tratamento.

Se os resultados forem favoráveis, a mulher passa a aplicar, por até dez dias a partir do início do ciclo menstrual, doses diárias de hormônios que estimulam o crescimento dos folículos que contêm óvulos. Nesse período, são realizados ultrassons para acompanhar o crescimento dos folículos. O esperado é que sejam até três e atinjam 18 milímetros para que um segundo tipo de hormônio seja aplicado e promova o amadurecimento do óvulo e o rompimento dos folículos em até 36 horas, quando a mulher passa a ovular.

Poucas horas antes da ovulação, o homem (que pode ser o parceiro ou um doador) deve realizar a coleta do sêmen. Em laboratório, serão selecionados e concentrados apenas os espermatozoides saudáveis, que podem ou não receber substâncias que aumentem a sua eficácia. Essa “mistura”, então, é injetada na futura gestante de forma indolor por meio de um cateter. Depois disso, ela precisa aguardar por alguns minutos deitada para garantir que os espermatozoides vão chegar aos óvulos, formando um ou mais embriões.

Todo o processo, entretanto, não garante a chegada do bebê. Fatores como a idade da mulher, a qualidade dos espermatozoides e a condição do útero influenciam diretamente no sucesso da inseminação artificial. De 25 a 35% dos casos são bem-sucedidos, uma taxa baixa, mas encarada como única esperança por casais ávidos por um filho. Gêmeos, como no caso da cantora pop, dependem do número de óvulos liberados pelos folículos. Se forem mais de quatro, o procedimento é cancelado, pois o risco de gravidez múltipla é mais alto (e arriscado) para a futura mamãe. A escolha de uma clínica ou hospital público de referência também é essencial, e, por esse motivo, o casal deve se informar sobre o local e sobre o profissional que vai acompanhá-los na tentativa.

O desgaste emocional causado pelo tratamento também pode ser um fator de decisão para a gravidez acontecer ou não. Leva apenas um mês para que o processo termine e os casais aguardam com muita expectativa uma resposta positiva ao tratamento. No entanto, ao passar por diversas experiências frustradas, os parceiros podem se desentender, desistir da gravidez e até mesmo se separar, como forma de superar o trauma.

Além dos riscos, uma reprodução como essa envolve diversos dilemas éticos. No Brasil, não é permitido escolher o sexo e as características do bebê, salvo em caso de histórico de doenças relacionadas ao gênero, como a hemofilia, ao contrário do que acontece nos Estados Unidos. O registro e a guarda da criança também são assuntos que podem gerar controvérsias legais, principalmente no caso de um doador que não seja o parceiro. A inseminação, ainda, levanta uma importante questão social sobre a formação de família por casais homoafetivos, que está sendo aos poucos alterada legalmente, mas ainda é vista com preconceito por grande parcela da sociedade.

E a fertilização In Vitro?

É outra técnica de reprodução assistida, considerada muito mais eficaz do que a inseminação artificial. Entretanto, seus valores começam em R$ 10 mil, e podem encarecer de acordo com o caso. A vantagem desse procedimento é que ele traz esperança para as mulheres que têm as tubas obstruídas, baixa reserva de óvulos e idade mais avançada, e os homens com graves alterações no esperma.

A fertilização in vitro pode ser mais longa, e envolve a estimulação dos ovários, a retirada do óvulo por meio de uma punção, sua fertilização pelo espermatozoide em laboratório, a cultura dos embriões e a transferência para o corpo feminino. Para aumentar as chances de sucesso, a lei permite a implantação de dois a quatro embriões, dependendo da idade da mulher, e as chances de gestar gêmeos é de uma em cada quatro fertilizações.

Esperamos que esse texto, preparado pela equipe de redatores da Alô Bebê, ajude a sanar algumas dúvidas.