Diversão para crianças brinquedo tecnológico
Os brinquedos tecnológicos (videogames, jogos de computadores, máquinas de jogar etc) têm espaço garantido entre a garotada com idade a partir de um ano. Eles estão em todas as prateleiras e são amplamente divulgados em campanhas promocionais, o que desperta o interesse dos filhos e um enorme ponto de interrogação dos pais. Pior: a dúvida quanto aos benefícios desses produtos também atinge os profissionais responsáveis pela orientação educacional. Para alguns, os brinquedos tecnológicos "trancam" a criança dentro de casa e impedem seu desenvolvimento psicomotor. Para outros, são ideais, não atrapalham o desenvolvimento e ainda estimulam a inteligência.
A psicóloga Talita Marchetti Cintra, que trabalha com o desenvolvimento de bebês de quatro meses a dois anos, não vê problemas nos brinquedos tecnológicos, mesmo nos primeiros anos de vida.
"Pais e educadores devem ficar atentos quanto ao barulho, ao excesso de cores. Enfim, aos mesmos itens que observariam, visando o bem-estar de seus filhos, na compra de um brinquedo tradicional". Para ela, o que não pode acontecer é o abuso, "a criança que permanece o dia inteiro no computador ou no videogame pode prejudicar sua habilidade de convívio social".
A opinião é diferente da manifestada por outra psicóloga, Renata Meirelles Malheiros, para a qual os brinquedos manuais e os eletrônicos devem ser oferecidos em etapas diferentes da vida. "Até os quatro anos de idade, é importante que elas utilizem os brinquedos manuais para garantir o bom desenvolvimento da parte psicomotora. A partir daí, os tecnológicos contribuem de forma mais efetiva para um melhor desenvolvimento intelectual".
O Mercado de Brinquedos Tecnológicos
Bom ou ruim, o brinquedo tecnológico parece ter vida longa. Além disso, a compra é favorecida em virtude do objeto possibilitar que a criança brinque em casa. Assim, elas não ficam nas calçadas, ruas e praças, e diminuem a preocupação dos pais em relação à violência.
Sobre os brinquedos tecnológicos, mais especificamente sobre os jogos eletrônicos, paira a acusação de que incitam a violência. O Ministério da Justiça, inclusive, vetou alguns deles e obrigou os fabricantes a informarem na embalagem a indicação da faixa etária.
Mas, a respeito dessa possibilidade, a presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, Maria Irene Maluf, diz que os pais que não são violentos não compram jogos violentos para seus filhos e, se por um descuido, isso ocorrer "os responsáveis devem conversar com a criança, explicar a situação de uma forma amorosa, porque o fato é que o contato com a violência virá mais cedo ou mais tarde, seja na rua, na escola, ou mesmo em casa, pela TV. Brinquedo tecnológico não é ruim, estamos no século 21 e não dá para esconder essa opção", assegura.
Os profissionais entrevistados são unânimes: é importante brincar. O renomado filósofo suíço Jean Piaget, reconhecido em todo o mundo por seu trabalho pioneiro no campo da inteligência infantil, passou grande parte de sua carreira profissional interagindo com a garotada e estudando seu processo de raciocínio.
Os conceitos sobre educação defendidos por Piaget influenciaram a psicologia e a pedagogia mundiais, e uma das afirmações defendidas por ele desde o século passado era exatamente esta: "Brincar é essencial na vida da criança".