Desenvolvimento dos dentes das crianças

 

 

 

Não é só a questão estética que leva mamãe e papais a se preocuparem com os dentinhos tortos ou fora de lugar das crianças. Muitas vezes, a posição dos dentes e da arcada chegam a alterar o equilíbrio das funções da boca: respiração, sucção, deglutição, mastigação e fala, sem contar a harmonia estética. Especialidade que diagnostica, previne, controla e trata os problemas que afetam bases ósseas maxilares, a Ortopedia Funcional dos Maxilares (OFM) é recente no Brasil.

 

"O que fazemos é atuar sobre os dentes e arcadas dentárias, modificando a sua interferência sobre o sistema neuromuscular, que comanda o desenvolvimento e crescimento ósseo dos maxilares", explica a odontopediatra e ortopedista dos maxilares Patrícia B. Moquilaza da Rocha.

Através da procura do equilíbrio, a atuação do profissional permite ao paciente a aquisição de novos reflexos posturais e condiciona uma dinâmica mandibular fisiológica. A consequência desse processo é um desenvolvimento harmônico, que possibilita a eficiência das funções orais, explica Patrícia.

Hábitos e genética

Patrícia pratica a ortopedia funcional dos maxilares há cerca de 10 anos. Ela observa que a OFM orienta a prevenção dos problemas de ordem funcional logo após o nascimento da criança, enfatizando a importância da estimulação das funções de sucção, respiração e deglutição, através do aleitamento materno, que deveria acontecer, se possível, no mínimo até os seis meses de idade.

Para o crescimento harmonioso dos músculos e ossos e, depois, das arcadas dentárias, é de fundamental importância oferecer à criança, após o nascimento dos dentes de leite (decíduos), uma alimentação rica em fibras, o que estimula a mastigação, complementa a especialista.

As funções de respiração e sucção, quando realizadas de forma incorreta acarretam prejuízos para o crescimento e desenvolvimento dos maxilares, embora alterações genéticas ou acidentes também possam causar desequilíbrios. Patrícia lembra que hábitos de sucção que incluem chupetas e mamadeiras podem provocar alterações no crescimento das arcadas dentárias, deixando as crianças "dentucinhas", levando à falta de espaço para alguns dentes, má posição, mordida aberta ou cruzada.

Nos casos em que o paciente já apresenta problemas, a indicação é a interferência efetivamente clínica dessa especialidade. Não existe uma faixa etária definida para a realização do tratamento, que pode ser realizado em adolescentes e adultos, diz Patrícia. Ela assinala, entretanto, que o melhor momento para fazê-lo é quando a criança ainda não iniciou a substituição dos dentes de leite pelos definitivos. O que não invalida o atendimento de crianças de todas as idades e adolescentes.

Pistas ou "saltinhos"

Depois de uma avaliação do paciente e de um rigoroso questionário respondido pelos pais (que inclui informações sobre a gestação, genética familiar e histórico de vida da criança), a especialista baseia-se numa série de exames, entre eles radiografias, para definir e iniciar o tratamento. Nos baixinhos com dentes de leite - momento ideal para prevenir problemas - a Ortopedia Funcional dos Maxilares é feita através da colocação de pistas de resina (chamadas Pistas Diretas Planas), que, acondicionadas sobre os dentes, lembram "saltinhos". Ajustadas, essas pistas irão modificar a dinâmica mandibular, redirecionando o desenvolvimento das arcadas para uma situação mais harmônica. 

Essa prática resulta, depois de algum tempo, no equilíbrio estético e funcional dos dentes. "E, o mais importante, prepara uma base saudável para os dentes definitivos", observa Patrícia. Nas crianças que já iniciaram a troca de dentes, o procedimento indicado pode ser acrescido da utilização de aparelhos removíveis. Mas a especialista reforça que os resultados são seguramente mais efetivos e estáveis quando os cuidados são precoces, especialmente nos baixinhos em fase de crescimento.