Desenvolvimento da leitura e da escrita
Até os sete anos de idade, em média, a criança deve ter as funções cognitivas pronta para ler e escrever. Respeitando-se diferenças e características individuais, claro. Em alguns casos, já aos quatro anos alguns baixinhos identificam letras e palavras e arriscam hipóteses de leitura. Outras crianças só irão desenvolver de fato essa possibilidade aos seis ou sete anos de idade.
Mamães e papais que evitem a ansiedade. A idade não é o mais importante, é a maturidade de cada um que irá determinar se suas funções estão prontas para a aquisição da leitura e escrita. Criar oportunidades no ambiente familiar, oferecendo meios para a criança compreender a função social da escrita e da leitura, é o primeiro passo. Mas, como fazer isso?
Para contribuir no processo de desenvolvimento da leitura e da escrita é importante permitir o acesso a textos de diversos tipos desde o contato com jornais e revistas - inclusive a lista telefônica - até as experiências mais simples, como acompanhar a mãe no preparo da lista de compras, na redação de um bilhete ou na cópia de uma receita, vale quase tudo. A criança que desde cedo manipula livros e ouve histórias contadas a partir deles entenderá mais depressa "para que serve" ler e escrever.
A percepção dessa função social da escrita e da leitura é enfocada na escola a partir dos dois anos de idade, quando os pequenos iniciam um convívio cotidiano com o nome próprio para identificar seus objetos pessoais. "Mas a parceria com a família é indispensável nesse processo de entender o que há por trás das letras", afirma a orientadora pedagógica e educacional Cláudia Mileo Moura, da unidade de Educação Infantil do Colégio Pentágono.
Descoberta das regras
Ela explica que não existe receita para o desenvolvimento da leitura e da escrita porque as crianças atravessam várias hipóteses no processo de descoberta das regras. "É, então, necessário o acompanhamento de um profissional capaz de intervenções adequadas para a criança arriscar nessas hipóteses e progredir na construção do conhecimento." A presença de outras crianças e as atividades em grupo enriquecem essa experiência e proporcionam um avanço mais significativo no desenvolvimento da leitura e da escrita, diz Cláudia.
Uma das formas hoje mais utilizadas no desenvolvimento da leitura e da escrita, ao contrário das cartilhas e repetições intermináveis de algumas décadas atrás, é a oferta de fontes de informações, ou as chamadas palavras estáveis, já conhecidas das crianças, como, por exemplo, o próprio nome e o dos colegas.
As palavras estáveis funcionam como repertório de letras com correspondências sonoras, enfim, como matrizes de referência a partir das quais as crianças se aventuram a escrever palavras cuja grafia ainda desconhecem. Ou seja, a construção da escrita acontece a partir da própria reflexão infantil sobre a lógica interna da escrita alfabética.
Também através de parlendas se propõe a escrita de textos memorizados. Quando as crianças já conhecem o texto, preocupam-se com a forma. "Essa é a ideia: oferecer referências para que se sintam seguros para arriscar", assinala a educadora.
Aprendendo com prazer
Uma regrinha é básica em todo esse processo: alimentar o prazer dos futuros leitores. E para isso, as escolas de educação infantil adotam cada vez mais a prática dos projetos pedagógicos. A partir de um tema gerador, que funciona como motivação ou álibi para inúmeras atividades, o objetivo é conciliar tendências atuais e estudo. A construção do conhecimento é sistematizada e cada etapa do projeto fornece informações e estruturas para a seguinte.
Vale o estudo de músicas, reportagens de jornal, livros, enciclopédias e internet, obra de pintores e escultores. Já parou para pensar no universo de atividades que temas como o corpo humano, animais, transportes ou alimentos, por exemplo, podem levar para a sala de aula dos pequenos?
Nesse contexto, a reflexão dos educadores sobre a própria prática é o que irá lhes permitir entender os processos internos e as aquisições das crianças e optar pelo melhor caminho para que avancem na construção do conhecimento.
A conquista da base alfabética
Níveis de conceitualização das crianças
Pré-silábica - a criança ainda não sabe que a escrita pode representar a fala.
Silábica
a) as hipóteses da criança não têm valor sonoro;
b) já atribui valor sonoro às letras, mas ainda deve descobrir que não basta uma única letra para cada emissão sonora.
Silábico - Alfabética - A criança escreve partes da palavra com uma letra só para cada emissão sonora e duas ou mais letras para outras.
Alfabética - A criança atribui valor sonoro às sílabas, nessa fase, a escrita é mais próxima da linguagem convencional.