Cuidados pré e pós-parto diminuem problemas na amamentação
O processo de amamentação é importante por ser o maior contato que mãe e bebê mantêm após o parto. Além disso, é fundamental, por ser o leite materno um alimento completo. Mas há problemas físicos e psicológicos que podem prejudicar o processo de aleitamento.
Alguns cuidados, antes e depois do parto, ajudam a mãe a amamentar corretamente e sem dores. Entre os problemas mais recorrentes estão as fissuras nos bicos dos seios. Isso ocorre porque a criança suga o leite de forma inadequada, pressionando os bicos, ao invés de sugar as aréolas (partes mais escuras que circundam o bico dos seios).
São elas que, ao serem pressionadas, expelem o líquido. A mulher consegue prevenir o problema realizando simples banhos de luz desde o início da gravidez. Ela pode expor os seios ao sol, nos horários da manhã e fim de tarde, ou usar a luz incandescente de um abajur. Nesse caso, a gestante mantém a luz a cerca de 20 centímetros (cerca de um palmo) de cada seio, por cinco minutos. O processo, que deve ser realizado com luzes de 40 a 60 watts de potência, ajuda a "engrossar" a pele e evita a rachadura.
A manipulação dos bicos por meio de bucha vegetal também ajuda a engrossar a pele na região das aréolas. O problema é que essa prática deve ser realizada a partir do sexto ou sétimo mês de gravidez e deve contar com consentimento médico. Isso porque, quando a mama é estimulada, o organismo produz ocitocina, hormônio que estimula a contração. E, para as mulheres que correm risco de aborto, o estímulo pode acarretar parto prematuro ou aborto.
Depois do nascimento do bebê, a lactante precisa ensiná-lo a pegar o seio corretamente. Às vezes, a criança dorme e para de sugar a aréola, para chupar o bico. Segundo a enfermeira Karla Freitas de Assis, especialista em obstetrícia e amamentação do Hospital e Maternidade São Luiz, o bico do seio serve apenas como estímulo para o bebê.
Para algumas mães que sofrem com a falta de leite, a especialista alerta que, na maioria dos casos, o problema é de ordem psicossocial. "A maioria das mulheres que não produzem leite tem problemas com a glândula hipófise ou sofreram cirurgia na qual foram retirados os seios ou glândulas mamárias. Na maioria dos casos, a falta de leite está ligada à pressão ou estresse pós-parto".
Outro problema que aflige as lactantes é o ingurgitamento mamário, ou empedramento dos seios. Segundo a especialista, o processo ocorre em virtude do excesso de leite concentrado nos ductos (canais por onde escoa o leite), o que pode culminar em mastite (inflamação das mamas). Para evitar o problema, a mulher precisa realizar uma ordenha após a última mamada.
Para Karla, a melhor ordenha é a manual, e a mulher pode realizá-la sozinha. O trabalho consiste em massagear a aréola para que o leite saia. A mãe tem a opção de armazenar esse excesso ou doar aos bancos de leite. Para isso, ela precisa expelir o leite em um frasco de vidro que tenha uma tampa plástica resistente. Ambos precisam ser esterilizados com água fervente. O leite pode ser congelado por 15 dias.
Para descongelar, a mãe pode fazê-lo naturalmente ou em banho-maria com fogo desligado. É importante ressaltar que o leite não pode ter nenhum contato com o fogo ou forno de micro-ondas.
O aleitamento materno promove benefícios para mãe e filho. A criança recebe um alimento completo, mantém contato íntimo com a mãe e, nessa fase, está menos propensa a ter doenças respiratórias. Para a mãe, os benefícios são ainda maiores.
A mulher que amamenta produz hormônios que diminuem a propensão aos cânceres de mama e cólon de útero. Além disso, a sucção promove a contração uterina, o que diminui o risco de hemorragia. A amamentação também ajuda a mulher a emagrecer mais rápido, em virtude dos nutrientes que transmite ao bebê.