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Cuidados com medicamentos e procedimentos médicos durante a gravidez

 

São necessários vários cuidados na gravidez, e isso não é diferente com os medicamentos e a determinados procedimentos médicos. Especialmente com relação à radiografia, anestesia local e ao uso de certos fármacos.

Segundo a ginecologista e obstetra Nilvane Trindade Secron, a alteração genética é provavelmente a causa mais comum de teratogênese (má-formação ou problemas de crescimento e desenvolvimento do feto). Em segundo lugar, está a ingestão de medicamentos "nocivos". Isso se deve ao fato de que a maioria dos medicamentos e determinadas substâncias químicas atravessam a placenta, atingindo a circulação fetal. "O primeiro trimestre, durante o período embriogênico, compreendido entre a segunda e a décima semana, é extremamente delicado. É o de maior risco de ação danosa para o feto e o cuidado deve ser redobrado na administração de medicamentos na gravidez", alerta a médica.

É nessa fase que ocorrem as principais transformações embriológicas, chamadas de organogênese, ou seja, a formação dos órgãos, isto é, a cabeça, o abdômen, os braços e as pernas, além do sistema neurológico, incluindo o cérebro e a medula espinhal, os sistemas circulatório e gastrintestinal básico (boca e dentes) e um sistema respiratório rudimentar.

"Caso a mulher esteja usando alguma medicação e tenha suspeita de gravidez, ela deve comunicar imediatamente o seu médico para ver a possibilidade de suspender o remédio. Existem drogas nocivas, capazes de provocar um aborto espontâneo. Outras, que não causam a morte do feto, podem provocar má formação no desenvolvimento de determinado órgão ou estrutura", afirma a médica. Conforme Nilvane, havendo a necessidade, toda gestante pode ser medicada durante o período gestacional, sempre avaliando a relação risco/ benefício quanto ao emprego dos medicamentos.

Medicamentos e procedimentos médicos

Devido à dificuldade de estabelecer a ação e repercussão das drogas, os medicamentos e substâncias foram, de modo geral, classificados pela agência americana FDA (Food and Drug Administration) em 5 categorias (A, B, C, D e X), crescentemente, de acordo com o grau de riscos à gestação, tomando por base, predominantemente, o primeiro trimestre de gravidez. São elas:

  • A. Estudos em mulheres não demonstraram risco para o feto no primeiro e demais trimestres;

  • B. Estudos em animais não demonstraram risco fetal, mas não há estudos no ser humano;

  • C. Relatos em animais revelaram efeitos adversos no feto. Não há estudos controlados em mulheres e animais. As drogas devem ser ministradas somente se o benefício justificar o potencial teratogênico;

  • D. Há evidência positiva de risco fetal e humano, porém os benefícios do uso em gestantes podem ser aceitáveis;

  • X. Estudos em animais ou seres humanos revelaram efeitos deletérios sobre o feto que ultrapassam os benefícios.

De acordo com esta classificação, os medicamentos da categoria D devem ser administrados com cautela desde que não haja outra opção de tratamento. Já os da categoria X não devem ser usados em nenhuma hipótese.

Segundo Dra. Nilvane, existem algumas drogas que devem ser evitadas durante toda a gravidez, como a Isotretinoína (Roacutan), usada para o tratamento de acne. "Esta substância é altamente teratogênica, devendo ser mantido o método anticoncepcional por trinta dias após a suspensão da droga", alerta. Também devem ser evitados, durante toda a gestação e amamentação, os antibióticos à base de tetracilinas, pois além de provocarem descoloração do esmalte dentário na primeira dentição (entre o 4º e 5º mês de gestação), podem levar a parto prematuro e até óbito intrauterino. "Sempre que necessário a gestante deve ser tratada. Orientada pelo médico, é recomendável o uso de analgésicos e antitérmicos em doses adequadas e por período curto. O uso de antibióticos pode ser feito, principalmente derivados da penicilina, desde que ela não seja alérgica".

A ginecologista chama a atenção para alguns cuidados que devem ser tomados no período próximo ao nascimento do bebê. "No período próximo ao parto, a ingestão de certas substâncias deve ser feita com cautela, principalmente aquelas que atravessam a placenta, o que é o caso da maioria. Com a proximidade do final do tempo de gestação, o parto pode acontecer a qualquer momento. Desta forma, o que pode ocorrer é o organismo materno ainda não ter eliminado a droga e o feto nascer sob influência da mesma".

Além da medicação, dúvidas em relação a determinados procedimentos médicos durante o período gestacional são muito comuns. Todo tratamento odontológico pode ser feito durante a gravidez, desde que tomados os devidos cuidados, como proteção com avental de chumbo, para o caso de Raio-X, e anestesia própria para gestantes (sem adrenalina). "Toda gestante deve ser orientada para uma visita ao dentista. Na gravidez, os dentes ficam mais frágeis e a gengiva mais sensível, o que pode ocasionar, com maior facilidade, processos inflamatórios (gengivites), que podem levar a futura mamãe a contrair infecções em outros órgãos, e em alguns casos, ser até causa de abortamento".

A ginecologista alerta ainda para os procedimentos que não são considerados urgentes e podem ser realizados após o parto, como implantes dentários, colocação de aparelhos e correção, coroas, entre outros.

Durante a amamentação a mulher deve tomar os mesmos cuidados que durante a gestação, uma vez que as drogas podem passar para o leite materno. "Por isso, tanto a gestante como a lactante devem sempre procurar a orientação médica e nunca se automedicar", lembra a médica.