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Crianças com TDAH

Tudo junto e ao mesmo tempo. É assim que opera o cérebro de uma criança com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Caracterizado pela desatenção, inquietude e impulsividade, o transtorno neurológico tem causas genéticas e aparece em grande parte dos casos na infância.

Tanto em casa quanto na escola o TDAH tem reflexos importantes. “O distúrbio tem como sintoma a hiperatividade mental. As mentes não têm descanso, funcionam mais rápido do que as da maioria das pessoas, inclusive as adultas”, explica Marisa de Abreu, psicóloga clínica. Outro ponto destacado pela especialista é a diferença do TDAH entre meninas e meninos. “Neles, a hiperatividade se manifesta de forma física. Aquela criança que pula, cai, se machuca, corre. Já nas meninas, a hiperatividade é mais mental. Ela está ali, mas a cabeça está sempre longe e os pensamentos agitados”, diz.

Até os seis anos a criança costuma falar em voz alta tudo o que faz. Esta conversa interna facilita o foco e ajuda a pensar em um assunto de cada vez. Mas quem tem TDAH pula essa fase. A inexistência da conversa interna deixa os assuntos desorganizados na cabeça, logo o pequeno perde a capacidade de distinguir o que é mais importante e se perde nos detalhes.

Treinamento mental

Luciene Curcelli, mãe do Maycon Curcelli, de 10 anos, conhece bem esta situação. Acompanhado desde os primeiros anos pelo neuropediatra e pela fonoaudióloga, Maycon já apresenta progressos. “Ele não fala mais correndo, nem atropelando as palavras. Agora pensa antes de falar”, diz.

De acordo com a psicóloga, o TDAH não é uma doença, mas sim uma característica que interfere diretamente na vida do portador e de sua família. “Todos temos uma boa capacidade de aprendizado, o que falta aos portadores do transtorno é aprender a treinar e disciplinar o cérebro, o que é feito com a ajuda de um psicólogo e com o uso de medicamentos”, conta. Indicada para estes casos, a Terapia Cognitiva Comportamental ajuda a criança a usar o cérebro de forma funcional.

Embora alguns pais enxerguem o uso de medicamentos como algo negativo, a especialista explica que a medida faz-se necessária por certo tempo da vida do pequeno. “O medicamento tem efeito de supressão dos sintomas, não de correção, por isso é indicado só para casos muito graves”, ressalta Marisa.

Família bem informada

Boas doses de paciência e muita informação são fundamentais para os pais e familiares lidarem com o assunto. Participar de palestras, ler livros e falar com profissionais ajudam a entender o TDAH.

Percebendo que Matheus, na época com quatro anos, tinha dificuldade para pronunciar a letra “r”, sua mãe Danusa França marcou uma consulta com a fonoaudióloga, que solicitou a avaliação de uma neuropediatra. “Quando recebi o diagnóstico do TDAH me senti perdida por não saber nada sobre o assunto. A partir daí comecei a estudar profundamente os sintomas e tratamentos”, conta a mãe.

Danusa tem dois filhos com o transtorno. Matheus, hoje com 10 anos, é o caso que requer mais atenção porque foi diagnosticado com Transtorno de Déficit de Atenção, Hiperatividade e Impulsividade (TDAHI) e o Transtorno Desafiador Opositor (TDO) caracterizado pela negatividade e dificuldade de se relacionar e fazer amizades. Atualmente, o pequeno faz uso de medicamentos para ir à escola.

E o que os pais devem fazer além de buscar tratamento e amar? Segundo a psicóloga Maria Cristina, evitar rotular a criança, compreender as suas limitações, ensiná-la a ser organizada e independente.

“Realço as qualidades e busco elogiá-lo por conseguir lidar com algumas situações que para ele são desafiadoras”, finaliza Danusa.

Conheça os principais sintomas do TDAH, segundo a psicóloga Maria Cristina:

- Dificuldade em organizar tarefas e organizar tarefas e atividades;

- Não conseguir prestar atenção nos detalhes importantes, por isso tende a errar mais em atividades escolares;

- Desatenção durante tarefas lúdicas;

- Esquecimento frequente das obrigações diárias;

- Parecer não escutar quando lhe dirigem a palavra;

- Dificuldade em envolver-se em tarefas que exijam constante esforço mental.