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Comportamento das crianças: transtorno obsessivo compulsivo


 

TOC é o apelido do Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Tem se falado muito dele ultimamente, mas não tem se falado que ele também pode afetar crianças.

O que é TOC? São ideias, pensamentos ou imagens que (sempre) invadem nossa mente de forma persistente e duradoura. Surgem contra nossa vontade, não são desejáveis, nem bem-vindos, muito pelo contrário, resistimos e tentamos nos livrar deles. Para isso criamos atos, comportamentos ou rituais repetitivos para neutralizá-los, aliviando a ansiedade temporariamente.

A essas ideias, pensamentos ou imagens, chamamos de obsessões e aos atos, comportamentos ou rituais repetitivos, damos o nome de compulsões. Para que o diagnóstico de TOC seja confirmado, é necessário a presença de obsessões e/ ou compulsões em um grau que afete sua rotina, causando grande desconforto e ansiedade.

Por que se preocupar?
Devemos nos preocupar porque o TOC não só traz grande sofrimento às pessoas afetadas (perdem grande parte do dia tendo pensamentos desagradáveis e comportamentos inadequados), mas também a seus familiares.

Muitas vezes, a criança com TOC busca assegurar-se com um membro da família, fazendo perguntas do tipo: "Você viu se fiz direito tal coisa?", "Você viu se está realmente limpo, tem certeza?", "Você acha que estou ficando louco?". Na maioria das vezes os familiares respondem a essas perguntas, apesar de serem bastante repetitivas.

Em outros casos, pedem para que alguém de sua confiança realize seus comportamentos ou rituais. Por exemplo: a criança pede para que a mãe veja e reveja inúmeras vezes se a porta da garagem, do carro, da sala, da cozinha estão trancadas.

Ainda existem casos que exigem que seus parentes sigam regras de comportamento e ficam muito irritados se isso não acontece. Por exemplo: proíbem que seus familiares entrem em casa de sapato; insistem que todos lavem as mãos com frequência etc.

Alguns obsessivo-compulsivos dominam e mandam em seus familiares de forma extraordinária. Isso acontece muito. Na verdade, no início, os parentes questionam os pedidos e exigências feitas, mas com o passar do tempo, desistem e começam a ceder em nome da paz familiar.

Existe um problema?

Se seu filho, eventualmente, demora um pouco mais no banho, tem o hábito de chegar em casa e lavar as mãos, verifica se a porta está fechada antes de dormir ou diz que teve uma terrível visão de uma pessoa querida num caixão, não é necessariamente errado ou anormal. Muitos de nós temos de vez em quando pensamentos, ideias, comportamentos indesejáveis.

O problema realmente existe quando as ideias, pensamentos, imagens, atos ou comportamentos e rituais repetitivos estão interferindo de forma bastante significativa na vida da criança, afetando a vida familiar, escolar e social. Algumas perguntas são interessantes para verificar se há TOC:

  • Existe algo que seu filho necessite muito ou goste muito e não consiga fazer devido às suas ideias, pensamentos, imagens ou atos, comportamentos e rituais?

  • Seu filho constantemente evita certas coisas, lugares, pessoas por causa de suas ideias, pensamentos, imagens ou atos, comportamentos e rituais?

  • Tem dificuldades na escola ou em outras atividades em consequência de seus pensamentos e comportamentos?

  • Fica muito irritado com o que pensa ou faz?

  • Sente-se muito infeliz, ridículo e exposto por causa de seus comportamentos e rituais?

  • Seu filho gasta grande parte do tempo na prática de comportamentos ou ruminação de pensamentos?

  • O comportamento de seu filho causa muito incômodo ou aborrecimento a outras pessoas?

Se você respondeu "Sim" a qualquer uma dessas perguntas, é possível que exista algum problema. Procure um Psiquiatra ou Psicólogo para que seja feito um diagnóstico para que se comprove o Toc ou não.

Tratamento para o TOC

A maioria dos pacientes obsessivo-compulsivos pode ser tratada com a Terapia Comportamental Cognitiva, que é atualmente a mais indicada e a que apresenta melhores resultados para o TOC.

A Terapia Comportamental Cognitiva é um tratamento breve, prático e colaborativo e torna-se ainda mais eficaz à medida que se procura ajuda especializada, que possa orientar da melhor forma tanto os pacientes quanto seus familiares. Quando profissionais e pais conseguem identificar as possíveis doenças psiquiátricas antes que elas se tornem graves e encarando-as como qualquer outra doença, sem preconceito, pode-se ter um diagnóstico e tratamento muito mais rápido e eficaz para o TOC.

Dra. Rosana Marques Auricchio
Psicóloga