Como identificar o alimento adequado à idade da criança
Nos primeiros seis meses de vida, a mãe que amamenta não precisa se preocupar em oferecer nenhum outro alimento à criança, nem água, nem chás, nada, porque seu leite é suficiente. Depois desse período, ela pode continuar amamentando, mas é necessário começar a introduzir outros nutrientes à refeição infantil.
Conforme a nutricionista Julliana Augusto Sanches Bonato, autora do livro Brincando com os Alimentos, "o ideal é intercalar as mamadas com sucos pela manhã e papinha de fruta à tarde. Nas duas situações dê a quantidade que o bebê aceitar e ofereça os novos alimentos antes da mamada, para que o apetite seja maior". Faça os sucos e as papinhas com apenas uma fruta, lembre-se que a criança está conhecendo novos sabores, dê a ela a oportunidade de perceber as novidades. Prepare, inicialmente, um suco só com laranja lima e uma papinha só com mamão, depois de dois ou três dias, troque a fruta. Evite aquelas muito ácidas, como o abacaxi, por exemplo, e não adoce as papinhas - as frutas já são doces.
Essa alimentação deve ser mantida por pelo menos 10 dias. Depois ofereça papinha salgada, com legumes cozidos e amassados. Aliás, cozinhe os legumes muito bem higienizados e com a casca para garantir a melhor conservação dos nutrientes - não caia na tentação de bater os ingredientes no liquidificador, é melhor dispensar esse utensílio nessa fase, pois ele atrapalha o processo de mastigação do bebê. Amasse os alimentos com o garfo. A transição deve ser gradual, não insira as frutas e as papinhas num mesmo momento, o bebê deve conhecer o doce das frutas para depois perceber o salgado das papinhas. O tempero deve ser bem suave, com pouco sal. Salsinhas e cebolinhas também podem ser usadas, pois além de proporcionarem um sabor agradável são bem suaves. Conforme a nutricionista, o alho e a cebola não estão proibidos, mas, como têm gosto mais forte, muitas vezes são rejeitados pelo bebê. Introduza-os aos poucos na alimentação.
A carne cozida - evite frituras - e a gema do ovo, também cozido, podem ser acrescentados gradativamente nas papinhas. Julliana destaca que a carne de porco deve ser evitada ao máximo. "Ela tem alto teor de gordura saturada (aquela que provoca problemas cardíacos), e pode despertar uma reação alérgica. Deixe que seu filho descubra esse sabor quando estiver maiorzinho". A clara de ovo também pode despertar reação alérgica, por isso só dê esse alimento ao seu filho quando ele estiver com, pelo menos, dez meses de vida. Após o bebê ter percebido os gostos de cada alimento e à medida que forem surgindo os dentinhos, os alimentos não deverão mais ser amassados com o garfo e sim cortados em pequenos pedaços, assim massagearão a gengiva e ensinarão a criança a mastigar.
Não há problema em congelar os alimentos no freezer e descongelá-los ou aquecê-los no forno de micro-ondas, desde que o processo seja feito corretamente. A perda de vitaminas é pequena e não compromete a qualidade nutricional. Os alimentos devem ser congelados em recipientes previamente esterilizados e próprios para o congelamento. Depois de colocar o alimento no recipiente tire o ar - pressionando a tampa para dentro.
É importante que os alimentos sejam introduzidos de forma gradativa e que você não force seu filho a comer mais do que ele quer. No começo ele pode até cuspir os novos ingredientes - não estranhe, isso é normal, afinal é um gosto que ele não havia sentido antes. Após o primeiro ano de vida, a criança está pronta para receber a alimentação normal da família, com algumas exceções - caso da carne de porco, citada acima. Mas lembre-se: os gostos das crianças nem sempre são os mais saudáveis. Refrigerantes, salgadinhos, doces industrializados e outros, adorados pela maioria dos pequenos, além de terem baixo valor nutritivo, contêm sal em excesso, aditivos e conservantes artificiais que podem irritar a mucosa gástrica da criança. Por fim, lembre-se que a alimentação deve dar prazer ao bebê, assim permita que ele tenha liberdade para provar o alimento, mas não só com a boca.
Deixe-o pegar a comida com a mão, isso lhe ajudará a desenvolver outros sentidos como o tato e o olfato. Como seu bebê ainda não tem coordenação motora suficiente para levar a comida diretamente do prato à boca, ele certamente espalhará o alimento pela roupa, pelo cabelo, etc. Mas não se preocupe, é uma situação completamente normal e que, acima de tudo, ajuda seu filho, inclusive no desenvolvimento da coordenação motora.
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Dica de Leitura
Brincando com os Alimentos - Editora Metha
Autora: Julliana Augusto Sanches Bonato
Especialista em Nutrição clínica pelo
Centro Universitário São Camilo