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Comer, comer para poder crescer!

Apesar das inúmeras campanhas e das recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre amamentação materna exclusiva até os seis meses do bebê, o número de mães que amamentam até essa fase segue abaixo do esperado. Há o problema da falta de leite, mas também tem aquelas que acrescentam alimentos antes da hora, por acreditarem que estão fazendo um bem aos filhos, quando na verdade não estão. Para que a mamãe não se esqueça de nada, Alô Bebê preparou uma lista com tudo o que deve estar na mala.

“A superioridade do leite materno sobre qualquer outro tipo de leite está comprovada cientificamente. Sua composição possui nutrientes específicos para a proteção do bebê, em qualidade e quantidade adequadas para favorecer a absorção”, conta Cynthia Bassi, nutricionista do Hospital e Maternidade São Cristóvão, de São Paulo.

Entre os principais benefícios estão a diminuição da incidência de diarreia, a redução
de problemas respiratórios e alergias, a diminuição em até 15% do risco de desenvolvimento de diabetes, hipertensão e obesidade a longo prazo e a redução de
deficiências nutricionais. “Estudos também afirmam que crianças amamentadas apresentam vantagem intelectual sobre as que não receberam leite materno, além de
melhor desenvolvimento da cavidade bucal, devido ao processo de sucção”, completa a especialista.

Crenças e culturas

Um erro comum dos pais é achar que o leite materno sozinho não vai sustentar o filho, por isso acrescentam farinha. “Ao engrossar o leite com farinha, o valor calórico aumenta e os pais veem isso como positivo pelo ganho de peso do bebê e pela saciedade prolongada. Só que a longo prazo a criança ganhará peso com pouca qualidade nutricional, além de estar predisposta à obesidade infantil”, ressalta Cynthia.

Alimentado apenas com o leite materno até os seis meses, o bebê não precisa de mais nada, nem de tomar água. A introdução de novos alimentos antes desse período deve ocorrer apenas na impossibilidade de manter o leite da mãe e sob orientação médica.

Um dos maiores obstáculos nesse processo é a volta da mãe ao trabalho. Como a licença-maternidade gira entre quatro e seis meses, dependendo da empresa, ela
pode contar com as bombas para tirar o leite e armazenar. “O ideal é iniciar a ordenha e a armazenagem do leite até 15 dias antes de voltar ao trabalho”,explica a nutricionista.

Nos casos em que a mãe realmente não produz leite materno suficiente, a criança deve tomar as fórmulas infantis, que são próprias para oferecer as vitaminas de que ela precisa, diferentes dos leites que os adultos ou as crianças maiores tomam.

Cardápio do bebê

Depois dos seis meses de vida chega a hora de apresentar ao seu bebê os alimentos sólidos. A ansiedade dos pais em ver os filhos comerem as primeiras frutinhas ou papinhas é maior do que a dos próprios bebês. Mas cuidado, porque a alimentação precisa ser regrada, leve e balanceada.

“É importante a criança sentir o gosto de cada alimento, por isso, deve ser levado à boca devagar, um alimento novo de cada vez, a fim de testar a tolerância do bebê”, orienta Dr. Carlos Alberto Nogueira de Almeida, pediatra especializado em nutrologia. Nessa fase devem ser servidas as papas de frutas, as papas salgadas, os sucos naturais, água e chás de ervas.

Para dar um toque de sabor, acrescente temperos naturais, como a cebola, o alho, a cebolinha e a salsinha. “Tendo em vista que os hábitos alimentares são formados nos primeiros anos de vida, tanto o sal como o açúcar podem ser os grandes vilões da dieta. Por isso, vale prolongar a exposição da criança a esses alimentos para que cresça saudável e passe longe da obesidade infantil.

O que colocar na receita

Toda papinha deve conter diferentes tipos de alimento para que a criança receba todos os nutrientes necessários por refeição, sendo pelo menos um de cada grupo: uma carne vermelha ou branca, inclusive miúdos; um carboidrato (mandioquinha, arroz, macarrão ou batata); um legume (cenoura, chuchu, abóbora etc.); uma verdura (couve, espinafre, alface etc.); e uma leguminosa (feijão, ervilha, lentilha). “Alguns alimentos só devem ser oferecidos à criança depois de um ano de idade por apresentarem maior poder de alergenicidade, como o leite de vaca, a soja e a clara de ovo”, alerta.

A correria da vida moderna trouxe alguns hábitos para os pais, por exemplo, as papinhas e os sucos prontos. Mas eles não são ideiais. Segundo a nutricionista, embora a indústria consiga manter as vitaminas e os minerais, no alimento in natura a biodisponibilidade é melhor. “Esses alimentos podem ser consumidos em caráter de emergência uma vez ou outra, mas para ser considerados saudáveis é necessário que sejam isentos de corante, conservante, gorduras trans e açúcares.”

Quanto aos sucos de caixinha, Dr. Carlos também lembra que eles devem ser entendidos como doce, e não como substitutos de frutas, porque quase sempre são adoçados. Ao completar um ano de idade, a criança já pode receber a mesma alimentação da família, mas sem excesso de sal, de açúcar e de alimentos processados, informa a nutricionista.

O paladar vai mudando e isso interfere diretamente no comportamento à mesa. “Depois dos dois anos, a recusa alimentar aumenta porque a velocidade de crescimento desacelera, diminuindo o gasto calórico, mas a criança deve ser incentivada a comer alimentos diferentes em formas, sabor, cores, consistência e temperatura”, lembra Cynthia. Já na fase pré-escolar, o apetite é variável, daí a importância de estabelecer horários para as refeições, evitando a oferta de guloseimas nos intervalos e de comportamentos de chantagem ou recompensa com relação à alimentação.

Obesidade em alta

Segundo a nutricionista, uma pesquisa nos Estados Unidos relatou que 79% das mães de bebês com sobrepeso não haviam identificado o problema. “A obesidade infantil pode começar no útero da mãe, por isso a avaliação médica é imprescindível”, completa o pediatra. É ele quem irá, no acompanhamento mensal, analisar a curva de crescimento e o ganho de peso da criança para orientar os pais quando a situação não estiver dentro da normalidade.

“A introdução de hábitos inadequados, como oferta de leite engrossado, achocolatado, refrigerantes e doces, favorece essa situação”, relata Cynthia. Segundo ela, a criança já nasce predisposta a preferir alimentos doces, por isso acrescentar açúcar na comida vai aumentar essa predileção. A recomendação é prolongar a exposição das crianças aos doces e aos outros alimentos considerados não saudáveis até os três anos, pois nessa fase ela está formando os seus hábitos alimentares.

Na hora de montar a lancheira da escola, por exemplo, a especialista ensina a não colocar alimentos condimentados nem com muitos aromatizantes, porque o sabor e o cheiro podem se intensificar ao longo do dia e desfavorecer o consumo. Sempre que possível ofereça frutas como maçã, uva e pera, pão ou bolachas sem recheio com algum
tipo de proteína, por exemplo, requeijão, queijo e peito de peru, e uma bebida, podendo
variar entre um suco de frutas, água de coco ou achocolatado. Evitar a monotonia no cardápio é outro trunfo das mamães para sempre agradar o paladar dos pequenos.

Confira receitas de papinhas deliciosas para seu filho.