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Colesterol alto em crianças

A criança é magrinha, bem-disposta e passa o dia todo correndo e brincando. É possível que ela tenha colesterol alto? Sim. Embora as aparências enganem, o problema passou a ser recorrente entre os pequenos. Um estudo realizado pela West Virginia University, nos Estados Unidos, mostra a importância de avaliar os níveis de colesterol e medicar a criança o quanto antes, já que 1% delas com idade entre 10 e 11 anos, apresentam o problema, mesmo sem histórico familiar. Alimentação inadequada e falta de atividade física são as principais razões para esse desequilíbrio.

“É um mal silencioso que não manifesta sintomas, por isso, os pais não percebem quando a criança sofre de hipercolesterolemia - nível elevado de colesterol ruim (LDL) no sangue”, destaca Dr. Michael Vana Wiczer, pediatra da clínica BMS. A genética também influencia, mas o doutor aposta principalmente na dieta inadequada.

Basta ir a um supermercado e observar os carrinhos. Logo, você vai notar que grande parte das famílias com crianças inclui bolachas, salgadinhos e guloseimas na lista de compras. Some isso ao fato de muita delas preferirem o videogame a praticar um esporte, e pronto, está aí a causa do problema.

Outra pesquisa, essa realizada pelo Ambulatório de Nutrição e Clínica do Instituto Dante, constatou que cerca de 30% das crianças e adolescentes com histórico familiar de cardiopatias têm colesterol total elevado. De 100 crianças e adolescentes - com idade entre 5 e 17 anos - avaliados no ambulatório, 8% apresentam índices altos de colesterol ruim (LDL) e 45% com o colesterol bom (HDL) abaixo do necessário. Delas, 40% eram sedentárias e 87% consomem uma quantidade excessiva de gorduras. Os dados são alarmantes.

Como controlar o colesterol

Marina Domingos Tamaribuchi levou um susto ao receber o resultado do exame de sangue do seu filho. Com apenas um ano e seis meses, Gustavo Chuiti Tamaribuchi estava com o colesterol alto. O exame foi feito logo depois dele parar de mamar e começar a comer, principalmente, bolachas doces.

“A médica mandou que diminuíssemos os doces, as bolachas recheadas, o iogurte e que cuidássemos melhor da alimentação. Não houve nenhum tipo de medicamento. O colesterol foi controlado com a diminuição de alimentos ricos em gorduras”, conta Marina.

Hoje, os exames para detectar o mal são muito precisos. “A ciência sabe que é possível encontrar depósitos de gordura nas artérias dos pequenos, aumentando as chances de problemas cardiovasculares futuros. O cuidado é necessário”, alerta Dr. Michael. Lembrando que o LDL alto pode representar também disfunções na tireóide e diabetes.

Para diagnosticar, o especialista recomenda fazer exames de sangue periódicos, a partir dos quatro anos de idade. Depois, pode ser feito a cada cinco anos, dependendo do caso e do histórico familiar. Em crianças obesas o ideal é repetir a cada seis meses
porque o depósito de gordura nos vasos sanguíneos é cumulativo, quanto antes o problema for resolvido, melhor.

Peso nem sempre é problema!

Nem todo excesso de peso é sinônimo de LDL alto. “É perfeitamente possível um obeso ter colesterol normal e um magro não. Isso depende do metabolismo de cada pessoa”, explica o médico.

Na casa da Marina toda a família se empenhou para melhorar os índices do colesterol do Gustavo, o que a mãe batizou de “Mutirão da boa alimentação”. Atualmente, ele está com seis anos, e embora não tenha deixado de comer algumas guloseimas, a dieta segue regrada. “Finalmente o colesterol dele está controlado. Faria tudo de novo se fosse preciso, mas sinceramente, espero que não seja necessário chegar a esse ponto outra vez”, diz aliviada.

As duas faces do colesterol

O colesterol é fundamental para a formação das células do organismo, a produção dos hormônios sexuais e dos sais biliares. Cerca de 70% dele é produzido pelo fígado e 30% provêm dos alimentos de origem animal (carnes, ovos, leite e derivados). Só que o colesterol não circula livremente no organismo, ele trafega no sangue por meio de partículas chamadas de lipoproteínas, são elas: HDL (lipoproteínas de alta densidade), LDL (lipoproteínas de baixa densidade) e VLDL (lipoproteínas de muito baixa densidade). O que faz mal ao sistema cardiovascular é o colesterol LDL. Quando ele está em excesso na circulação sanguínea, fixa no interior das artérias, causando obstruções e aumentando o risco cardíaco, enquanto o HDL, conhecido como colesterol bom, funciona como uma espécie de ‘faxineiro’, removendo excessos de colesterol LDL do sangue.