Colestase na gravidez: entenda o que é
Uma doença rara e de causa desconhecida pode acontecer na sua gestação e você pode nem perceber. É a colestase obstétrica, chamada clinicamente de colestase intra-hepática da gravidez. Mas calma, em 99% dos casos ela não é capaz de arruinar o sonho de ser mãe.
A colestase é uma doença hepática, ou seja, afeta o fígado, órgão que fica naturalmente mais sensível durante o período da gravidez devido ao aumento da concentração de hormônios no organismo. Uma em cada mil futuras mamães apresenta este quadro. Fique atenta a esta doença.
O que é?
No corpo humano, o fígado é responsável pela produção da bile, um fluido que atua na digestão das gorduras ingeridas. Normalmente, a bile se dirige ao intestino, onde ocorre o aproveitamento dos nutrientes, mas, na colestase, o fluxo de bile é reduzido e acaba se acumulando no sangue. A deficiência do fluido no intestino causa má absorção das gorduras e a deficiência de vitamina K, que pode agravar hemorragias. A bile que não é aproveitada se acumula na pele, causando sintomas dermatológicos.
Na criança, o sangue materno com excesso de sais biliares ultrapassa a barreira formada pela placenta e pode afetar a função cardíaca do seu filho, diminuir a quantidade de oxigênio transportado até ele e alterar a musculatura do útero, causando parto prematuro.
Quais são os sintomas?
A doença costuma se manifestar no final do segundo e no início do primeiro trimestre de gravidez. O principal sintoma é a coceira (prurido) na pele, que começa nas palmas das mãos e dos pés e vai se espalhando por todo o corpo. Conforme a gestante coça, a pele pode apresentar danos, como marcas e escoriações com sangue, que podem acarretar em infecções bacterianas.
Muitas mulheres pensam que isso é normal, pois a pele da barriga se estica e causa a sensação de comichão. No entanto, enquanto se está esperando uma criança, qualquer anomalia deve ser verificada pelo médico.
Durante a noite, a sensação de fadiga e insônia tomam conta, causando momentos intranquilos numa fase que deveria prezar pelo repouso, já que a gestação está adiantada e a barriga crescente.
Em alguns casos, a grávida pode desenvolver também icterícia. Se você perceber que sua pele, seus olhos ou suas secreções estão adquirindo uma tonalidade amarelada, procure o seu médico, pois pode ser um indício de colestase.
Quem pode ter?
Embora as causas ainda não sejam completamente conhecidas, especula-se que a colestase esteja relacionada à predisposição genética. Além disso, as mulheres que já enfrentaram a doença numa primeira gestação têm entre 60 e 80% de chances de desenvolverem o problema numa próxima gravidez. Se este for o seu caso, avise o seu médico para que ele acompanhe ainda mais de perto a sua situação.
Como diagnosticar e tratar?
Se o médico desconfiar que você está doente, ele vai pedir exames de sangue para identificar o funcionamento dos rins a partir dos níveis de bile na corrente sanguínea. Testes de coagulação também podem ser feitos, devido à falta de vitamina K. Além destes, uma ultrassonografia pode detectar a existência de pedra na vesícula que possam estar bloqueando o fluxo de bile, já que as grávidas com colestase têm mais chances de tê-las. Em caso positivo, o médico poderá avaliar se é necessário fazer a remoção cirúrgica ou não.
Para acabar de vez com a doença, a gestante vai tomar vitaminas que auxiliam o organismo a absorver a bile e reduzem as chances de hemorragia, como a vitamina K. Além disso, a coceira será amenizada com a ajuda de medicamentos.
A colestase desaparece após o parto. No entanto, entre um e três meses depois do nascimento dos bebês, as mamães que tiveram a doença na fase de gestação devem retornar para novos exames capazes de avaliar a situação dos rins e a presença de pedras na vesícula. É muito importante cuidar de si, mesmo nessa fase em que o bebê vira o centro das atenções, e o retorno é essencial para verificar a sua saúde.
Quanto mais cedo a doença for descoberta e devidamente tratada, há menos possibilidades de que seu filho sofra com as consequências.
Como aliviar os sintomas em casa?
A coceira costuma incomodar bastante, principalmente quando a mulher está sujeita a maior concentração de hormônio como é o caso da gravidez. A futura mamãe acaba tendo alterações de humor que podem ser desencadeadas por motivos como uma comichão. Entretanto, é necessário lembrar que os bebês são capazes de sentir as emoções maternas, e, por isso, o melhor é manter a calma e aprender a lidar com este período intenso. Uma boa dica é tentar relaxar escolher o enxoval do bebê. Toda a novidade ajuda a esquecer um pouco os sintomas. Algumas soluções caseiras podem auxiliar:
Loções com calamina
Indicadas pelo médico e de uso tópico, elas devem ser usadas para aliviar a coceira e o desconforto, além de serem capaz de acabar com o inchaço causado pelo ato de se coçar.
Cremes a base de camomila e calêndula
Combinadas, as duas ervas têm propriedades que ajudam a acalmar a pele e aliviam a vermelhidão causada pela coceira, além de ação anti-inflamatória e cicatrizante.
Roupas leves e de algodão
O uso de roupas feitas de tecidos que permitam a transpiração do corpo e tenham o toque macio, além de poucas chances de darem alergias, ajuda a reduzir a coceira.
Banhos mornos
Tomar um bom banho, com a água em temperatura não muito quente para que seu bebê não fique aquecido demais, é relaxante e revigorante e pode te fazer esquecer o incômodo causado pela doença, pelo menos por alguns minutos.
A colestase fará você sentir na pele os efeitos de uma doença que pode ser prejudicial para o seu filho e que tende a desaparecer logo após o nascimento. Por isso, fique atenta aos sintomas e proteja seu bebê com o tratamento adequado antes de recebê-lo em seus braços.