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Bulimia - quando a alimentação se torna um perigo!

As passarelas da moda mostram mulheres magérrimas desfilando as roupas dos estilistas mais badalados. A novela mostra a turma de mocinhas descoladas em biquínis mínimos e saias curtas, que vestem corpos cada vez mais esguios. As revistas estampam editoriais de moda inteiros com mulheres que esbanjam poucos quilos distribuídos em corpos altos e quase sem curvas. Esse é o padrão de beleza que é imposto à sociedade nos últimos anos - a mulher bonita deve ser magérrima e alta. De acordo com Eliane Pisani Leite, psicóloga e psicopedagoga, esse padrão de beleza, que está fora da realidade da maior parte do público feminino, é o responsável pelo desencadeamento de distúrbios alimentares, como a bulimia nervosa. 

Pouco se sabe sobre a bulimia, que é caracterizada por ataques repetidos de hiperfagia (consumo de grande quantidade de alimentos, de preferência hipercalóricos) e, em seguida, indução ao vômito, abuso no uso de purgantes ou períodos alternados de inanição. "A culpa gerada pela ingestão do alimento em excesso e o medo da elevação do peso faz com que essas pessoas se utilizem de medidas extremas para não engordar", afirma Eliane.

A influência cultural tem sido apontada, atualmente, como o fator mais forte para desencadear a bulimia, mas há outros agravantes, como interação familiar, stress relacionado à sexualidade e a formação da identidade pessoal. "Muitas vezes, a própria mãe elogia as outras meninas que têm o corpo esguio, ou até mesmo cobra da filha que tenha um corpo perfeito e que coma pouco. A criança fará de tudo para atender à solicitação familiar", diz a psicóloga, que afirma, ainda, que essa preocupação com o corpo perfeito tem começado cada vez mais cedo, por volta dos oito, nove anos. "A criança já começa a sonhar com o corpo magérrimo. Até as bonecas, com as quais as meninas brincam, são magrinhas".

A maior incidência de pacientes com bulimia nervosa é de mulheres adolescentes e adultas jovens. De cada dez pacientes, nove são mulheres. A psicóloga afirma que isso se dá por uma característica feminina de competição e busca desenfreada pela perfeição. "A menina, ainda na escola, começa a querer ser melhor e mais bonita do que a coleguinha ao lado. E, hoje em dia, ser bonita é ser magra". Algumas profissões em particular parecem apresentar mais riscos, como no caso de jóqueis, atletas, modelos, manequins e pessoas ligadas à moda. "Esses ambientes cobram ainda mais as pessoas quanto ao controle de peso", diz Eliane. "A menina que sonha com a carreira de modelo, por exemplo, pode, com mais facilidade, ter essa preocupação exagerada com o corpo antes da hora", complementa.

A ajuda deve começar em casa

Os pais devem ficar atentos para as primeiras mudanças de comportamento das filhas. "Quando os pais percebem uma preocupação exagerada da filha com o próprio corpo, logo no início devem conversar muito e mostrar o quanto aquilo é irreal e pouco importante. Deve-se dar a dimensão de outros valores, como generosidade, bom caráter, honestidade, e mostrar que um corpo perfeito não é garantia de felicidade. Costumo dizer que as mães devem "pensar em voz alta", quando veem, na companhia da filha, uma cena com mulheres magérrimas e dizer que as diferenças pessoais são inúmeras, a começar pelo corpo". Outros fatores que devem despertar a atenção da família é o consumo exagerado de alimentos, pela criança, sem ganho de peso, problemas de pele sem causa aparente (o metabolismo alterado pode causar problemas dermatológicos) e até o aumento no número de cáries. "O ácido estomacal expelido em excesso, por conta do vômito exagerado, pode prejudicar os dentes e aumentar o número de cáries", explica Eliane.

Em um estado mais avançado, a doença precisa ser tratada com acompanhamento psicológico e prescrição de antidepressivos. "A psicoterapia ajuda o paciente no entendimento e aceitação do problema, além de orientá-lo nas questões práticas, como planejamento antecipado de horários para atividades e refeições, não estocar alimentos em casa, tentar comer acompanhado, pesar-se somente nas consultas, entre outros."