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Alimentação no primeiro ano de vida


A alimentação saudável, especialmente no primeiro ano de vida, é de fundamental importância visto que nesta fase o crescimento e o desenvolvimento ocorrem de maneira pronunciada. Vale ressaltar que ao longo do primeiro ano de vida a criança via de regra, triplica o peso de nascimento e cresce cerca de 25 centímetros.

Outro aspecto de  fundamental importância diz respeito a promoção da saúde e prevenção de doenças a curto e longo prazo e nesse sentido hábitos alimentares e estilo de vida adequado devem ser cultivados desde o nascimento.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria recomendam que o aleitamento materno exclusivo (aquele sem água, chá e nenhum outro tipo de alimento) seja promovido até os seis meses e que o aleitamento persista até 2 anos de idade ou mais.

A introdução de alimentos complementares deve ocorrer aos 6 meses de idade iniciando-se com papa e suco de frutas e posteriormente com a papa como refeição principal. O tipo de fruta a ser oferecido terá de respeitar as características regionais, custo e estação do ano e a presença de fibras, lembrando que nenhuma fruta é contraindicada.

O suco natural deve ser utilizado preferencialmente no intervalo das refeições e não em substituição a estas, em quantidade máxima de 240 ml/dia.

A consistência da papa deve ser progressivamente aumentada (sempre amassada com o garfo e não liquidificada) evitando-se assim a administração de sopas ralas com calorias insuficientes. As papas devem ser compostas por misturas múltiplas envolvendo 4 grupos: cereais ou tubérculos (arroz, milho, batata etc) + leguminosas (feijão, soja, ervilhas, lentilha ou grão de bico) + proteína animal (carne bovina, frango, vísceras, ovos ou peixe) + hortaliças ou legumes (agrião, acelga, almeirão, cenoura, chuchu, abóbora etc).

O estímulo ao consumo diário de frutas, verduras e legumes é essencial para o desenvolvimento de hábitos saudáveis. Cuidado deve ser tomado também com a higiene no preparo e manuseio dos alimentos, garantindo armazenamento e conservação adequados.

Abaixo receitas de papa com as quantidades indicadas para ilustrar:

Papa  - Exemplo 1
Ingredientes:
1 colher de sopa de macarrão
½ unidade de mandioquinha
2 colheres de sopa abobrinha
2 colheres de sopa de carne moída (50g)
1 ramo de espinafre
1 colher de chá de cebola picada
1 colher de sobremesa de óleo
1 colher das de sopa de lentilha

Modo de Preparo:
Lave bem os legumes em água corrente. Descasque e corte em pedaços pequenos. Reserve. Em uma panela pequena, aqueça o óleo e refogue a carne moída e a cebola. Acrescente os legumes, o macarrão e a verdura. Cubra com água. Tampe e cozinhe até que os ingredientes fiquem macios e com pouco caldo. Amasse com o garfo e sirva.

Papa – exemplo 2
Ingredientes:
1 batata média
2 cubos médios de abóbora
½ filé de frango (50g)
2 folhas de alface
2 colheres de sopa de abobrinha
2 colheres de sopa de feijão
1 colher de chá de cebola picada
1 colher de sobremesa de óleo

Modo de Preparo:
Lave bem os legumes em água corrente. Descasque e corte em pedaços pequenos. Reserve. Em uma panela pequena, aqueça o óleo e refogue o frango e a cebola. Acrescente os legumes, o feijão e a verdura. Cubra com água. Tampe e cozinhe até que os ingredientes fiquem macios e com pouco caldo. Amasse com o garfo e sirva.

Esquema para introdução dos alimentos complementares

Idade Tipo de aleitamento

Até 6º mês   

Leite materno
6º até o 7º mês   Leite materno, suco e papa de frutas
7º ao 8º mês Papa como refeição principal
9º ao 11º mês Passar gradativamente para a alimentação da família
12º mês Comida da família*

*Importante que os pais tenham hábitos saudáveis pois servirão de modelo para a criança

Não se deve acrescentar açúcar ou leite às papas (na tentativa de melhorar a aceitação), pois podem prejudicar a adaptação da criança às modificações de sabor e consistência das dietas. A exposição frequente a um determinado alimento facilita sua aceitação. Em média são necessárias 8 a 10 exposições ao alimento para que ele seja plenamente aceito pela criança. Não devem ser acrescidos temperos prontos e sal em excesso na preparação da papa. A oferta de água potável passa a ser necessária nesta fase.

Alimentos enlatados, embutidos, macarrão instantâneo, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas não devem ser oferecidos à criança.

Diante da impossibilidade do aleitamento materno, deve-se utilizar uma fórmula infantil que atende todas as necessidades da criança menor de um ano. O leite de vaca fluido (em embalagem longa vida, UHT) ou em pó não deve ser introduzido no primeiro ano de vida é o que recomenda a Sociedade Brasileira de Pediatria.

A utilização do leite de vaca em crianças abaixo de um ano eleva o risco para o desenvolvimento da anemia devido ao conteúdo reduzido de ferro que além do mais é pouco absorvido, há também pequena quantidade de gorduras essenciais para o desenvolvimento do cérebro e da retina, outra limitação reside na quantidade insuficiente de vitaminas como a C, do complexo B e a E.

O Manual de Orientação para alimentação do lactente, do pré-escolar, do escolar, do adolescente e na escola desenvolvido pelo Departamento Científico de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria encontra-se disponível no site www.sbp.com.br.

* Roseli Oselka Saccardo Sarni
Presidente do Departamento Científico de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria