Alimentação na gravidez: fome ou vontade de comer
Quando o assunto é alimentação na gravidez, é comum ouvir uma grávida dizer que sente fome quase 24 horas por dia, afinal de contas, seu corpo está passando por uma série de transformações por causa das alterações metabólicas e hormonais, tais como a diminuição de glicose e aminoácidos que podem estar relacionadas com o aumento de apetite e sede. No entanto, é importante a gestante aprender a perceber a diferença entre "fome" (estado fisiológico que requer consumo de alimentos) e "vontade de comer" (satisfação de necessidades psicoemocionais). Em média, considera-se como um ganho total de peso adequado por volta de 10 a 12 quilos para mulheres que iniciarem a gestação em um peso saudável.
Segundo dr. Soubhi Kahalle, coordenador da clínica de obstetrícia do Hospital e Maternidade São Luiz, muitas mulheres tendem a comer demais como forma de amenizar a ansiedade ocasionada pela gravidez. "É o que chamamos de compulsão alimentar, ou seja, um descontrole resultante de aspectos psicoemocionais", afirma.
A mudança com o corpo, ganho de peso, dor do parto, além da preocupação em gerar um bebê saudável, os cuidados com ele após o nascimento, como possíveis transformações na relação do casal são as dúvidas e medos mais frequentes que afligem as mulheres ao longo dos nove meses e que podem provocar um estado de ansiedade demasiado que, consequentemente, resultará em uma compulsão alimentar. Nessas horas, é fundamental a futura mamãe contar com o total apoio dos amigos, familiares e principalmente do marido, este deverá discutir tais questões para alívio e tranquilidade dela. Em determinados casos, dependendo do grau emocional, é indicado procurar a orientação de um psicólogo.
"O pré-natal, além de ser fundamental para prevenir determinadas doenças e anomalias no bebê, irá ajudar a esclarecer dúvidas e explicar a maneira correta de controlar o peso desde o início da gravidez, que também irá ajudar a superar a compulsão alimentar", ressalta Dr. Kahalle. Em alguns casos, a ingestão alimentar serve de recurso para aliviar a sensação de enjoo. "Mas é importante enfatizar que a mulher deve comer de forma controlada, várias vezes ao dia, para evitar o ganho excessivo de peso", afirma a nutricionista clínica, Alessandra Coelho.
O desejo por comidas, alimentos exóticos e "estranhos", também são muito comuns durante este período, o que acaba contribuindo para o excesso de peso. Quem nunca ouviu falar que o marido teve que acordar durante a madrugada para buscar doce de jaca para a esposa saciar a vontade por frutas fora de época? Ou que ela quis comer alimentos salgados misturados a doces com medo de que seu filho nascesse com cara sabe se lá de quê? Com certeza a maioria.
Esses desejos incomuns recebem o nome de malácia, que em outras palavras que dizer desejo imperativo por determinados alimentos. "As vontades, na maioria das vezes, se manifestam por consumir alimentos ricos em Hidratos de Carbono (doces, sorvetes, bolos recheados, chocolate etc.), frutas (frutas ácidas tais como limão, maracujá, abacaxi e laranja) e vegetais (picles, pepino, cenoura etc.). Já casos de apetite por substâncias não alimentícias como giz, areia ou terra são mais raros, mas não impossíveis de acontecer" afirma a nutricionista.
Para Alessandra, a alimentação durante a gestação tem a finalidade primordial de manter a mamãe saudável, formar o bebê, armazenar nutrientes para a fase de amamentação e para o recém-nascido nos seus primeiros meses de vida. "A dieta deve ser baseada em uma alimentação saudável, em que o consumo de frutas, verduras e legumes devem ser favorecidos assim como os de cereais integrais", orienta.
Ela chama atenção para o consumo esporádico de alguns alimentos que servirão para saciar eventuais "vontades", o que não se deve tornar um hábito. "Devemos desmistificar a ideia de que a gestante deve comer por dois, pois o contrário do que muitas mulheres pensam comer quantidade não é sinônimo de qualidade", esclarece ela.
Toda gestação requer alguns cuidados para que a mulher tenha uma gravidez tranquila e saudável. Portanto, mamãe, basta consultar o médico frequentemente, seguir todos os procedimentos corretamente, e esperar o grande dia do nascimento do bebê.