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Alimentação das crianças: falta de apetite


Quando as crianças se recusam a comer determinados alimentos ou não comem absolutamente nada, a tendência é que entrem em desespero. Choro, brigas e horas perdidas à mesa na hora da alimentação das crianças, tentando fazer com que os pequenos comam um pouco, tornam-se rotina. A falta de apetite é normal entre crianças de dois a oito anos. Além disso, os pais devem observar que os hábitos alimentares de seus filhos são - e devem ser - um pouco diferentes dos seus. Na maioria dos casos, não há razões para perder a cabeça. Mas é preciso saber exatamente quando essa falta de apetite pode prejudicar a saúde. 

Segundo o pediatra e nutrólogo Mauro Fisberg, antes de qualquer coisa é preciso identificar se a criança realmente está comendo mal ou se é apenas ansiedade dos pais. "A falta de apetite pode ser provocada por inúmeras razões, desde dificuldades de mãe e filho na amamentação até fatores psicológicos e doenças crônicas." O especialista reforça que é normal que as crianças em idade pré-escolar tenham suas preferências, e que, se isso não se prolongar, não há razão para desespero. Casos de crianças que só comem alimentos considerados "porcarias" também não são motivo para pânico. "Quem disse que um miojo, por exemplo, é uma porcaria? É um macarrão que, se preparado de forma correta, até mesmo com verduras e legumes, pode se tornar uma refeição completa." 

A nutricionista Adriana Martins de Lima, da Nutrociência Assessoria em Nutrologia, explica que a falta de apetite também pode ser fruto da desaceleração do crescimento. "Na idade pré-escolar, eles crescem em ritmo mais lento, logo, comem menos. É normal. Na pré-adolescência, por exemplo, que é um período em que eles crescem muito, as mães reclamam que os filhos comem demais." A médica ainda afirma que é preciso lembrar que a quantidade de alimento que uma criança come é diferente da que o adulto precisa. "As porções delas são menores. Às vezes, os pais não percebem que, para aquela faixa etária, os filhos estão se alimentando adequadamente."

Refeição sem graça

"A Adriana simplesmente não acha graça em comer." É assim que Mariana Cintra resume a dificuldade em alimentar a filha, de cinco anos. A pequena é uma criança seletiva, que aceita apenas alguns tipos de alimentos em detrimento de todos os demais. A mãe conta que Adriana tem fases; há períodos em que a única coisa que come é macarrão, por exemplo. Depois enjoa e não quer mais de jeito nenhum. "A gente percebe que ela come por obrigação, nunca por prazer."

O mais cansativo, segundo Mariana, não era apenas o fato de a menina comer pouco, mas também o tempo que ela demorava nas refeições. "Desde que ela começou a comer papinha, aos seis meses, eu tentei todos os tipos de combinações possíveis para ver se ela comia melhor." A alternativa encontrada pelos médicos foi a introdução de um suplemento alimentar, que deixou Mariana mais tranquila em relação à situação da filha. "Nunca fui uma mãe desesperada, mas imagine quantos cabelos brancos eu ganhei por causa da falta de apetite dela. Ela continua sendo seletiva, mas com o acompanhamento do pediatra eu me sinto mais tranquila", conta. 

Complementar a alimentação com suplementos foi a solução encontrada no caso de Adriana. Mas antes de achar que essa é a única solução, as mães devem atentar a uma série de fatores - inclusive, como já foi dito, que "comer pouco" ou "comer mal" são conceitos muito relativos. "Só quem pode dizer se a criança precisa ou não de algum suplemento ou vitamina é o pediatra. Fora isso, só se pode ter paciência", afirma Mauro Fisberg. A nutricionista Adriana Lima dá a dica de como fazer as crianças comerem melhor: "Os filhos seguem o exemplo dos pais. Se os adultos não comem legumes e verduras, é claro que as crianças não vão comer. Antes de qualquer coisa, é preciso dar o exemplo."

Por que eles não comem?

Fisberg conta que as crianças se dividem em sete grupos, e que cada um deles deixa de comer por um motivo diferente. Conheças as razões abaixo:

Cólica exacerbada: bebês com muitas dores costumam ter pouco apetite.

Doenças orgânicas: podem afetar a fome dos pequenos desde o berço.

Fobias: acontecem com crianças que sofreram algum tipo de trauma em experiências relacionadas à alimentação e que perdem a vontade de comer.

Seletividade: são crianças hiperagitadas, comer é uma perda de tempo. Elas agem como se tivessem mais o que fazer do que sentar à mesa e comer um refeição.

Negligência: são os pequenos que não são bem cuidados pelos responsáveis e se tornam apáticos deprimidos.

Reações sensoriais: a criança tem nojo da consistência de alimentos, como purê de batatas, por exemplo.