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Alimentação das crianças - prevenção dos distúrbios alimentares

 

Atualmente, apesar de termos muito mais conhecimentos a respeito das necessidades de um bebê, ainda assim na clínica ou no dia a dia vemos muitos pais ansiosos com "o pouco" ou "o muito", ou o tipo de alimento que seus bebês comem; às vezes o que ocorre é que a alimentação, que não era um problema, passa a sê-lo devido a grandes fantasmas que algumas famílias criam em relação ao significado da comida.

De modo geral, o que se sabe é que os distúrbios de alimentação nas crianças podem surgir no segundo ano de vida, e significam simplesmente a manutenção de situações não resolvidas no primeiro ano, na época da introdução dos alimentos sólidos; a família então acreditava que a criança podia "morrer de fome" e não era capaz de perceber que ela apenas não conseguia ter "o apetite" idealizado e desejado pelos pais.

Outra dificuldade que poderá surgir nessa idade é a de que a criança já tem consciência de que deixa seus pais ansiosos por não comer, e ao mesmo tempo deseja ser a dona da situação; então, manipula os adultos com a aceitação ou recusa dos alimentos. Quando quer agradá-los, aceita; quando quer puni-los, recusa. Cria-se rapidamente um círculo vicioso: esse comportamento se repete em outras situações nas quais os pais, muito aflitos, chegam a propor trocas que na realidade não passam de chantagens ou ameaças, caso o filho não aceite o que lhe oferecem.

Sabemos como é difícil para o adulto entender que uma criança tenha tanta capacidade e esperteza para manipular a família inteira. Nossa prática, porém, aliada aos diversos conceitos teóricos, mostra como é verdadeira essa afirmação. Na realidade, a criança só está confrontando seus desejos, vontades e força com seus pais, e isso é saudável para um desenvolvimento. É muito importante entendermos que a falta de apetite não está obrigatoriamente relacionada a uma doença e nem que a falta de aceitação de certos alimentos provoque necessariamente doenças.

Mitos e crenças na alimentação das crianças

Quem já não assistiu a alguma situação em que a mãe diz: "Filhinho, só mais uma colher, senão você vai ficar doente". Esses mitos e crenças que são construídos desde bebê poderão dificultar a forma como nossos filhos se relacionam com a comida. Muitas vezes o simples fato de não focalizarmos na criança o nosso interesse por sua alimentação acaba tendo efeitos corretivos surpreendentes.

Predileção pela rotina na alimentação das crianças

Em torno dos 2 anos e meio, a criança se mostra menos opositora, apresentando porém uma característica típica dessa idade, que é a marcada predileção pelo que é conhecido.

Não gosta muito de mudanças ou situações novas. Fica mais tranquila com uma certa organização ritualística, que se repete em outras condutas (assistir aos mesmos filmes, ouvir as mesmas estórias), inclusive na alimentação.

Ela passa a querer exclusivamente os mesmos pratos e as mesmas sobremesas em todas as refeições, não permitindo nenhuma mudança e nem a introdução de alimentos diferentes.

Alimentação das crianças:  as refeições em família

Muito do que é dito ou feito numa família serve de exemplo e efetivamente causa impacto sobre os membros desta e isto também se aplica a alimentação das crianças. Se uma criança vê o seu pai servir-se de espaguete pela terceira vez, ela poderá aprender que se servir de três porções não é demais. Quando a filha vê o irmão mais velho servir-se de uma porção de bolo e recusar a segunda, ela poderá aprender que ele dá valor à moderação.

Frequentemente demonstramos nossos valores aos outros pelo que fazemos, muito mais do que pelo que dizemos. Os membros de uma família acompanham as ações uns dos outros e inevitavelmente influenciam, com seus atos e palavras, uns aos outros; portanto, é fundamental que se tomem alguns cuidados para não enviar mensagens contraditórias, ou seja: pais que estão pretendendo que seus filhos se controlem em relação aos doces não deveriam encher as prateleiras de guloseimas.

As pesquisas mostram evidências de que o aprendizado social desempenha um papel muito importante no desenvolvimento dos distúrbios alimentares, o que é muito diferente do que se pensava com relação aos fatores biológicos que receberam muita atenção no passado.

Algumas dicas para prevenir distúrbios alimentares em crianças:

Ofereçam algumas opções de alimentos para que seu filho (a) possa escolher o que gosta de comer;

Procurem não se irritar, brigar ou discutir durante as refeições, pois isso pode vir a ocasionar muito desconforto para a criança, e esse sentimento fica associado ao alimento e a hora de comer, interferindo em situações futuras e pode ocasionar distúrbios alimentares;

Procurem não deixar que seu filho pequeno passe grandes períodos sem comer: isto pode desencadear descontrole e indisciplina em relação à comida;

Procurem estabelecer horários para as refeições, mesmo que os adultos não possam acompanhá-los. A criança precisa ter tempo e calma para se alimentar;

Não tirem conclusões precipitadas a respeito de uma possível falta de apetite dos filhos; observe com cuidado, pois às vezes eles podem estar se alimentando demais nos intervalos das refeições; procurem corrigir esse hábito;

Finalmente, incentivem seu filho a ter prazer com a comida; aos poucos ele vai aceitando as novidades, aumentando o seu repertório de alimentos, desenvolvendo cada vez mais uma relação saudável com a comida e assim evitar distúrbio alimentares nas crianças.

Conclusões

Apesar de sabermos que nossa sociedade atual de consumo exerce uma enorme influência sobre os hábitos alimentares das famílias (exemplos: o sucesso dos hot-dogs, McDonalds etc.), acreditamos que pais atentos e conscientes saberão certamente como selecionar os alimentos mais saudáveis e adequados e dá-los a seus filhos.