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Alergia Alimentar

“Você não pode comer isso”. Essa é a frase que crianças com alergia alimentar costumam ouvir dentro de casa, na festa dos amiguinhos ou até mesmo em uma corriqueira visita ao supermercado. Enquanto ainda são bebês, os pais conseguem ter total controle da alimentação dos filhos, mas quando crescem e começam a frequentar a escola, fica difícil evitar comparações com a alimentação dos amiguinhos. E é nesta hora, que os pais precisam além de administrar o cardápio, mostrar alternativas.

Reação do organismo

Cada vez mais comum, a alergia alimentar é uma resposta exagerada do organismo, intolerante a substâncias presentes nos alimentos. “Uma resposta errada e imediata do corpo que ataca a si mesmo”, resume a Dra. Ariana Campos Yang, diretora da ASBAI (Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia). Um estudo divulgado no jornal científico “Pediatrics” aponta uma em cada 13 crianças com restrições alimentares. Entre os fatores determinantes para o aumento desta estatística estão os ambientais, a genética e o desmame precoce que leva os pais a incluir produtos industrializados,

cada vez mais cedo, na dieta. O fator genético também contribui bastante, em casos de alérgicos na família, o cuidado deve ser redobrado.

A especialista destaca entre os alimentos mais comuns por provocar alergia, o leite, a soja, os crustáceos, os ovos e o trigo. Em certos casos não é preciso nem ingerir o alimento, basta ter contato para notar a chamada reação instantânea. E como não dá para saber quando a criança desenvolverá a alergia,

o importante é observar. Se após a ingestão do alimento pela segunda vez, ela apresentar cólica, vômito, diarreia e erupções na pele – parecidas com picadas de pernilongo –, é preciso levá- la imediatamente ao médico, antes que apareçam reações mais sérias, como falta de ar, rouquidão e desmaio.

Investigando a alergia alimentar

Ao constatar o problema, o médico investigará por meio dos exames laboratoriais. No teste de contato, por exemplo, são feitos furinhos na pele e aplicados agentes que podem causar a alergia, verificando se surgirá irritabilidade na região. Para auxiliar no acompanhamento médico, vale escrever um diário com o horário em que o pequeno comeu cada alimento e anotar sua reação. Em geral, o sintoma se manifesta

duas horas após a ingestão da comida, e não dias depois. Detectada a substância que provoca a alergia, ela deve ser riscada do cardápio da criança. E como a maioria delas são fontes importantes de nutrientes, o próprio especialista indicará uma maneira de substituí-la, evitando a carência de algum tipo de vitamina.



 

Perspectivas

A boa notícia é que a alergia pode melhorar. A maioria dos pequenos desenvolve o processo alérgico até os cinco anos, quando o sistema imunológico ainda está em formação. Dra. Ariane explica que depois do tratamento, os pacientes melhoram cerca de 80% para o leite e 50% para os ovos. Passados dois anos desde a descoberta da alergia, é necessário se submeter a um tratamento chamado de dessensibilização, tratamento que suprime as reações do organismo. A partir de então, os alimentos poderão ser reintroduzidos na dieta.

Diário de uma mãe

“Tudo começou em 29 de dezembro de 2007 quando minha Malu nasceu (36 semanas), foi o máximo que consegui segurar...desde a 27ª semana ela vinha querendo nascer. Nasceu com 3.065 quilos. Perdeu o esperado na maternidade e, em 5 dias já tinha recuperado o peso” Maria Luiza Corrêa, a Malu, é a segunda filha de Vivian Corrêa, autora do blog “Malu contra a alergia alimentar”. Ainda nos primeiros dias de vida, começou a recusar o leite da mãe e sofrer com problemas intestinais e refluxo intenso.

A recém-
nascida foi levada ao médico. Tratou o refluxo, e mesmo assim não melhorou. Junto com a diminuição do leite materno e as primeiras mamadeiras veio também o diagnóstico de alergia à proteína do leite. “Levei um choque quando a alergia alimentar múltipla se confirmou. Sempre ouvi casos parecidos, mas nunca vivi isso tão de perto”, conta Vivian. A alergia alimentar múltipla é a reação do organismo a diferentes tipos de alimentos, no caso da Malu, ao leite, seus derivados, soja, feijão, carne vermelha, frango, trigo, entre outros.

Como as restrições são inúmeras e os desejos são muitos, a criatividade é o ingrediente essencial na cozinha das mães dos alérgicos. Para alimentar a pequena Malu, hoje com três anos,
Vivian fez um curso de culinária focado na substituição de alimentos. Brigadeiros, nuggets, bolo e até rocambole são alguns dos pratos preparadas pela habilidosa cozinheira. O sucesso das receitas foi tanto que Vivian decidiu criar um livro, disponível gratuitamente no site Rio sem glúten (riosemgluten.com).

“Estou encurtando o caminho que percorri, mostrando para outras mães que a criança pode comer independentemente dos alimentos restritos”, comemora a autora. Confira duas das receitas mais comentadas:

Brigadeiro sem leite, sem soja e sem glúten

Ingredientes

2 vidros de leite de coco (400 ml)
8 colheres (sopa) de chocolate em pó
4 colheres (sopa) de margarina Becel
6 colheres (sopa) de açúcar

Modo de preparo

Junte todos os ingredientes e leve ao fogo baixo. Mexa até desgrudar do fundo da panela. Espere esfriar, enrole e passe no chocolate 100% orgânico.

Pão de queijo sem queijo
ingredientes

4 xícaras (chá) de polvilho doce
1 xícara (chá) de polvilho azedo
3 xícaras (chá) de purê de mandioquinha(cerca de 5 mandioquinhas cozidas e amassadas)
½ xícara (chá) de purê de cenoura(também cozida e amassada)
2/3 de xícara (chá) de óleo
¾ de xícara (chá) de água
1 colher (sopa) de sal

Modo de preparo

Em uma bacia coloque o polvilho e o sal. Misture os purês em uma vasilha separada e depois acrescente a água e o óleo. Mexa até obter uma massa lisa e homogênea. Molde bolinhas com as mãos e coloque em uma assadeira (não é necessário untar). Asse em forno baixo, por cerca de 30 minutos, ou até que tenham crescido e dourado.