A microcefalia ainda assusta as mamães: saiba tudo sobre essa síndrome
A doença que colocou o país no centro de uma emergência mundial de saúde assustou e afetou muitas mulheres que estavam grávidas ou que pretendiam engravidar no ano passado. O motivo foi o aparecimento e um novo vírus, o zika, que está relacionado a casos de pequenos que nascem com microcefalia. Um ano depois, o vírus ainda preocupa, e as futuras mamães precisam se precaver contra essa doença.
Por aqui, foram mais de 200 mil casos de zika notificados durante o período, 2 mil crianças que nasceram com malformações, principalmente na região Nordeste, e nenhuma cura para a doença. Antes disso, o zika era mais comum nos continentes africano e asiático, e chegou ao Brasil devido ao fluxo de turistas durante a Copa do Mundo de 2014. Transmitida pela mesma picada do mosquito da dengue ou pela relação sexual, a doença está iniciando o seu segundo ciclo de vida no Brasil, e precisa de atenção especial de quem vai ou quer ser mãe.
Sintomas
Chega a ser difícil perceber se você foi infectada pelo vírus, pois nem todos os sintomas se manifestam ao mesmo tempo ou são confundidos com um resfriado ou diarreia, mas em alguns casos, a doença é assintomática. Febre alta, dor nos olhos e conjuntivite, inchaço nos braços e pernas, coceira e manchas vermelhas na pele, vômitos e dores abdominais podem indicar zika. O teste para confirmar a doença pode ser feito no hospital, e não há medicação específica, apenas repouso e remédios para aliviar os sintomas. É importante se manter longe de medicamentos à base de ácido acetilsalicílico, como o ASS, que não é recomendado nem para grávidas nem para doentes devido ao risco de sangramentos, e, na hora da relação sexual, usar camisinha.
Como evitar
A única forma de manter a doença longe é combatendo o mosquito transmissor. Por isso, a dica é a mesma que você já conhece: evite deixar água parada por perto. Para isso, acabe com o acúmulo de entulho em áreas externas, cubra a piscina e faça o tratamento adequado, remova os pratinhos das plantas, não deixe a caixa d’água descoberta e incentive os seus vizinhos a fazerem o mesmo. Como medida extra de proteção, você pode colocar telas nas janelas da sua casa, usar repelente de insetos, desde que seja apropriado para grávidas, e vestir roupas longas, que deixam a pele coberta.
Se você ainda não está gestante, é melhor verificar as condições da região em que você mora antes de tentar engravidar. Se casos de dengue, zika e presença de mosquitos, use um preservativo e pense se vale a pena adiar um pouco o seu sonho. Agora, se você já está esperando o seu bebê, exames frequentes são a única forma de verificar se você foi contaminada pela doença e se o seu filho poderá sofrer com a malformação. Mesmo se o pequeno não nascer com microcefalia, não há certezas de que ele não manifestará outros problemas ao longo da vida, e, por esse motivo, o acompanhamento médico intenso é essencial para as grávidas infectadas.
A microcefalia
Consequência da contaminação pelo vírus zika, a microcefalia é uma síndrome reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um conjunto de malformações nos pequenos que tiveram as mamães infectadas pelo vírus durante a gestação. Os problemas são tão específicos que os médicos começaram a defini-los como síndrome congênita da zika, que pode incluir calcificação do sistema nervoso central, hidrocefalia, deficiência visual e auditiva, prejuízo no desenvolvimento psicomotor e problemas nos ossos e nas articulações.
Ela pode ser descoberta ainda durante a gravidez, mas não é possível precisar em qual período, devido ao desenvolvimento do perímetro cefálico, que é diferente a cada mês no útero materno. Pode ser que o desenvolvimento seja normal até determinado período e, no próximo ultrassom morfológico, o médico perceba o problema. A diferença é que, se desenvolvida desde o primeiro trimestre, a síndrome será mais expressiva em seu filho.
A maior dificuldade de se conviver com a síndrome é a incerteza sobre sua evolução. Nem todas as crianças apresentam os mesmos sintomas, muito menos na mesma intensidade. Algumas consequências, ainda, surgem meses ou anos mais tarde. Assim como a doença, não há uma cura para essa síndrome, mas sabe-se que a estimulação precoce dos potenciais de cada bebê pode incentivar algum tipo de reação no desenvolvimento infantil. No entanto, mesmo a correção de cada problema varia de criança para criança.
As famílias que receberam uma criança com microcefalia passam por situações muito difíceis de lidar. Algumas mamães se culpam, os papais se afastam, os bebês sofrem preconceitos, tudo isso em meio a uma série de tratamentos e descobertas diárias. Angústia, depressão e ansiedade pedem por um acompanhamento psicológico, que poderá ajudar as famílias a lidar com uma nova perspectiva para suas vidas.
A microcefalia, no entanto, não deve ser encarada como o fundo do poço da maternidade. Assim como toda criança que vem ao mundo, o bebê terá muito o que ensinar e aprender durante muitos anos de vida. Há casos de crianças com microcefalia que superaram as expectativas da medicina e hoje estão realizando pequenas conquistas, como sentar-se e alimentar-se sozinha, ou grandes sonhos, como se formar na faculdade. O tempo de aprendizado vai depender do caso e do tratamento do seu filho, mas ele com certeza é uma criança que chegou para surpreender os papais.