A escola e suas linhas pedagógicas
As crianças nascem com personalidades distintas, que precisam ser moldadas e adaptadas ao seu convívio social. Muitas crianças, pela sua rebeldia, temperamento forte, falta de educação adequada ou por influências externas precisam de uma educação mais rígida. Já outras são mais introspectivas ou criativas e precisam de locais adequados para desenvolver suas capacidades. O fundamental é entender as necessidades de cada indivíduo.
Por isso existem escolas com diferentes linhas pedagógicas, para lidar melhor com a individualidade de cada criança. Diante da difícil tarefa de escolher a melhor escola para seus filhos, muitos pais ficam preocupados com as diferentes linhas pedagógicas adotadas por cada escola: Tradicional, Construtivista, Montessoriana ou Waldorf.
É muito importante que os pais conheçam e compreendam a metodologia e as principais linhas educacionais utilizadas nas instituições. Só assim poderão optar pela escola que melhor atenda à filosofia, valores e às expectativas da família.
AS LINHAS PEDAGÓGICAS
Tradicional
A linha tradicional de ensino alastrou-se no século XVIII, a partir do Iluminismo, e tinha por objetivo universalizar o acesso do indivíduo ao conhecimento. Foi considerada não-crítica e ultrapassada nas décadas de 60 e 70, mas ainda tem muita importância para os educadores. Seus defensores enfatizam que não há como formar um aluno crítico e questionador sem uma base sólida de informação.
As escolas que seguem esta linha pedagógica privilegiam a transmissão do conteúdo. O professor, cuja função é transmitir conhecimento e informações para os alunos, é o guia do processo educativo. Escolas que seguem esse modelo tendem a ser rígidas em relação à disciplina.
O sistema de avaliação das escolas tradicionais mede a quantidade de informação absorvida pelo aluno. Essas escolas tendem a prepará-los para o vestibular desde o início do currículo escolar.
Construtivista
A teoria de aprendizagem, desenvolvida pelo filósofo Jean Piaget (1896-1980), propõe que o conhecimento resulta da interação de uma inteligência sensório-motora com o ambiente. O estudo demonstrou que uma criança aprende espontaneamente, organizando os dados do exterior a partir dos quais vai construindo seu conhecimento, não é um “ser” moldado pelo professor. Noções como proporção, quantidade, causalidade, volume e outras, surgem da própria interação da criança com o meio em que vive.
Uma aluna de Piaget, Emilia Ferrero, ampliou a teoria para o campo da leitura e da escrita e concluiu que a criança pode se alfabetizar sozinha, desde que esteja em um ambiente que estimule o contato com letras e textos. Essa teoria de aprendizagem chegou ao Brasil na década de 70, quando foram criadas algumas escolas experimentais ou alternativas.
Hoje já existem várias escolas utilizando este método. A proposta dá prioridade aos conhecimentos que a criança traz consigo, buscando fazer com que esses saberes sejam aprofundados, reconstruídos em diferentes momentos e de diversas formas. Mais do que uma linha pedagógica, o construtivismo é uma teoria psicológica que busca explicar como se modificam as estratégias de conhecimento do indivíduo no decorrer de sua vida.
O professor tem o papel de coordenar as atividades, perceber como cada aluno se desenvolve e propor situações de aprendizagem expressivas. A informação e o conteúdo são fundamentais, mas o processo pelo qual o aluno chega a eles e como estabelece relações e comparações é o mais importante. Dessa maneira, as escolas acreditam que formam crianças mais críticas, opinativas e investigativas. As disciplinas estão voltadas para a reflexão e autoavaliação, portanto a escola não é considerada rígida.
Montessoriana
Desenvolvida por Maria Montessori (1870-1952), a teoria do desenvolvimento infantil parte do pressuposto de que a criança é dotada de infinitas potencialidades. De acordo com a visão montessoriana, a criança deve ser incentivada a desenvolver um senso de responsabilidade pelo próprio aprendizado e o ensino deve ser ativo. As escolas que seguem essa linha levam muito em conta a personalidade de cada criança, e enfatizam as experiências e o manuseio de materiais para obter a concentração individual e o aprendizado. São propostos trabalhos voltados para atividades motoras e sensoriais que aproximem o aluno da ciência, da arte e da música.
Na relação entre professor e aluno, as atividades são sugeridas e orientadas, deixando que a própria criança se corrija, adquirindo assim maior autoconfiança. O educador é um guia que remove obstáculos da aprendizagem, localiza e trabalha as dificuldades de cada criança. No aprendizado de números, por exemplo, a teoria não é o ponto de partida, o orientador utiliza pequenas barras coloridas, que possibilitam à criança visualizar relações e proporções.
Waldorf*
Essa linha pedagógica surgiu a partir de 1919, em conferências do filósofo Rudolf Steiner (1861-1925) sobre educação. O método baseia se nos três eixos de desenvolvimento da criança: físico, social e individual. Sua proposta é baseada no movimento da criança, na atividade motora. São contra o uso da televisão e de brinquedos industrializados, preferem dar aos alunos pedaços de madeira para que eles os transformem em brinquedos.
Os alunos são divididos por faixas etárias e não por série. São contra também a alfabetização antes dos sete anos de idade. Não há repetências e os professores guiam uma mesma turma durante um ciclo de sete anos. A relação da entidade com a família é intensa. As escolas que seguem essa linha têm princípios mais radicais e esperam dos pais uma postura sintonizada com a sua filosofia educacional.
*Os primeiros alunos do filósofo Steiner, eram funcionários da fábrica Waldorf Astoria, na Alemanha.
Daí o nome desta linha pedagógica.
Afinal, o que realmente importa?
A verdade é que existem diferentes formas de educar. O principal é desenvolver a potencialidade de cada criança e formar pessoas respeitosas, honestas, competentes e confiantes na sua capacidade de enfrentar os desafios da vida. Conservadoras ou liberais, as escolas precisam colocar em prática as teorias que pregam. Na hora da decisão, o casal deve visitar as instituições de seu interesse acompanhado dos filhos, pois é necessário que as crianças se identifiquem com a escola para que tenham sucesso em sua formação.